quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2010 mode ON

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para
qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante
vai ser diferente.

(Carlos Drummond de Andrade)

What comes is better than what came before.

www.youtube.com/watch?v=7jdnwCkvzwM

I found a reason
(Cat Power)

Oh I do believe
In all the things you say
What comes is better than what came before

And you'd better come come, come come to me
Better come, come come, come come to me
Better run, run run, run run to me
Better come

Oh I do believe
In all the things you say
What comes is better that what came before

And you'd better run run, run run to me
Better run, run run, run run to me
Better come, come come, come come to me
You'd better run



*além do combinar com ano-novo, também é música tema do filme V for Vendetta


quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

I am here. Everything hurts but I am here.

I am here.



Everything hurts but I am here.

- Neil Gaiman

Está se sentindo bem?


- Está se sentindo bem?

- Não. Não estou me sentindo bem.

Sandman - Morte, a Festa - pag 24

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Elogio à Loucura


"Embora os homens costumem ferir a minha reputação
e eu saiba muito bem quanto o
meu nome soa mal aos ouvidos dos mais tolos, orgulho-me de vos dizer que esta Loucura,
sim, esta Loucura que estais vendo
é a única capaz de alegrar os deuses e os mortais."


(Elogio à Loucura - Erasmo de Rotterdam)




imagem by: explodingdog.com

/euri

http://www.formspring.me/nossaSenhora - EU RI

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

crítica social e beleza

Porque pode haver crítica social e beleza até onde muitos não esperam.

http://www.youtube.com/watch?v=lstDdzedgcE

Princípio Getúlio Vargas de Resolução de Problemas

Minha pseudo-depre passou.
De cinco noites de choro interminável pra um acordar radiante como um sol.
Também não entendo. Mas melhor assim.
Vamo bombá no mundo, na Feira de Economia Solidária, no Fórum Social Mundial, no artigo pro maior encontro de estudantes de gênero do país, no carnaval e ONDE FOR.

;D

domingo, 27 de dezembro de 2009

psicologia msn-zeana II

___________ diz:

Eu gosto de adrenalina e nem por isso entro com os dois pés num rio que não sei a profundidade.

Dani pensa: faz todo sentido, por que nunca tenho essas boas idéias sozinha?

psicologia msn-zeana

dani diz:
em seis anos de machos, NUNCA tinham não me falado nada pra depois me falar algo tão estúpido assim
não é drama, foi a maior, a maior de todas, cada palavra era mais cruel e mais fria que a anterior e tanto quanto a próxima
acho que talvez se compare a UM outro caso, mas junto desse, ninguém mais conseguiu tamanha proeza de 'malevolosidade'

_____ diz:
e tu sabe que as pessoas são em boa maioria, hipócritas, fechadas e podem ser ruim e cruéis se tu se afundar tanto num 'sentimento'
tu precisa ter calma

dani diz:
não quero daqui a cem anos, não quero esconder, não quero jogar
gostei da frase
"e tu sabe que as pessoas são em boa maioria, hipócritas, fechadas e podem ser ruim e cruéis se tu se afundar tanto num 'sentimento'"
foi freudiano
merece publicação

_____ diz:
e nao é verdade?

dani diz:
não sei

_____ diz:
é só tu se mostrar um pouquinho que pisam em cima

dani diz:
acho que acostumei com as pessoas do meu redor próximo e esqueci

_____ diz:
são raras as pessoas que conseguem cativar algm, ter isso claro e não usar isso como uma forma de poder

dani diz:
essa tmb foi ótima, agora é foucault

_____ diz:
e são raras as pessoas que conseguem se abrir, mostrando que foram cativadas, por medo de que a situação anterior aconteça

_____ diz:
sabemos pq acontece
e sabemos como devemos agir
transformar a psique humana vai ser mais complicado
nao sei se é pós-moderno ou o caralho a 4
eu entendo um pouco de sentimentos

dani diz:
do caralho a 4
^^

_____ diz:
puro
sem teoria

dani diz:
a teoria pode ter pureza, mas não é a discussão nesse caso
enfim, entender é difícil, não funciona com exorcismo?

_____ diz:
talvez
banho de sal grosso tb
a mu fio do jeito que suncê ta, só o homê pode te ajuda

dani diz:
vou pedir um abraço pra pomba-gira
:P

_____ diz:
mas em resumo
vai com calma
a vida é assim
seja estrategista
tu nao vai ter um amor pra vida toda
e tu pode ter pessoas que nao te joguem num lixo emocional como esses últimos

dani diz:
ah, isso não aceito e não sei se vou aceitar um dia, oq estratégia tm a ver com sentimentos?
"seja estrategista" parece livro de auto-ajuda empresarial

_____ diz:
e eles nao precisam ter a foice e o "machado"(haha) na camiseta
as coisas tem que ser pensadas

dani diz:
e não deve ser pra vida toda, só MUITO legal enqnto dure, e qndo ficar chato, desdure, de forma doce

_____ diz:
só razão ou só emoção nao podem levar a lugar nenhum

dani diz:
foice e machado, é martelo
é um _____

_____ diz:
aeaehuaehuaeuhae
sim
:P
falei pensando martelo
ahueuheauhae
mas enfim

dani diz:
nem conhece as ferramenta

_____ diz:
a tal da dialética nao é mais ou menos essa coisa assim
tem que unir
estratégia
e emoções
razão e mimimi

dani diz:
mas hj as pessoas acham que o "não se apegue" é uma fórmula mágica
tipo dialética e cultura
que resolve TUDO
mas sabe, as pessoas não são um padrão
a tv diz todo dia não fume, você terá cancer

_____ diz:
lógico que não

dani diz:
e algm para por isso?
tem coisas e pessoas que viciam e elas podiam ao menos dar mais prazer antes de matar ¬¬"
o C.F.A. disse que pessoas especiais reconhecem pessoas especiais (não sou mais especial, não reconheço ninguém)

_____ diz:
nao tem fórmula mágica
pq nao existe padrão
mas tu precisa perceber o que ta vivendo
nem todo mundo é como eu e a *****
que falava cada vírgula

dani diz:
análise de conjuntura?

_____ diz:
do que se passava
de conjuntura "curta"
haha

dani diz:
hauahauahe
ok

_____ diz:
vou tomar banho

dani diz:
auahauhe
tu ja tomou hj
sabia que tu pode perder a proteção natural da pele se tomar MUITOS banhos diários?
tá bom
bom banho

Então, pequena Amélie, os teus ossos não são feitos de vidro.

Amelie: - Ela parece distante... talvez seja porque está pensando em alguém.

Pintor: - Em alguém do quadro?

Amelie: - Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.

(O Fabuloso Destino de Amélie Poulain)

10:15 Saturday Night - The Cure

10:15
Saturday night
And the tap drips
Under the strip light
And I'm sitting
In the kitchen sink
And the tap drips
Drip drip drip drip drip drip drip drip

Waiting
For the telephone to ring
And I'm wondering
Where she's been
And I'm crying
For yesterday
And the tap drips
Drip drip drip drip drip drip drip drip


It's always the same

Bauman-zeando.

Depois de longos dias afogada em textos sobre o trabalho, sobre cultura, sobre comunidade, sobre emprego informal e outras utilidades mais pra um ensaio monográfico - precisava ler um pouco sobre como a maioria das pessoas entende (ou acham que entende) a realidade que vivem.
Pode não apresentar soluções, estimular um monte de coisa que não são o caminho. Mas eu precisava entender a cabeça desse monte de gente loca. Achei interessante, resolvi postar:

O autor analisa a sociedade contemporânea, mostrando seu esfacelamento devido à doutrina neo-liberal, o culto ao individualismo e o esvaziamento de conceitos como "solidariedade" e "bem- comum". Propõe, em contrapartida, a recuperação do espaço político por meio do exercício da crítica social e individual.
A individualização se tornou o destino de todo habitante de uma grande cidade contemporânea, não uma opção. A sociedade estimula os indivíduos a agirem em função dos problemas e medos que surgem diariamente. E, ao tentar fazer com que as vidas tenham sentido, os homens tendem a culpar suas próprias falhas e fraquezas pelos desconfortos e derrotas que enfrentam. Para o sociólogo polonês Zygmunt Bauman a reação só leva a mais isolamento.
Os efeitos que a atual estrutura social e econômica, com base no que é descartável e efêmero, gera na vida, seja no amor, nos relacionamentos profissionais e afetivos, na segurança pessoal e coletiva, no consumo material e espiritual, no conforto humano e no próprio sentido da existência.
Segundo o sociólogo, a precificação generalizada da vida social e a destruição criativa própria do capitalismo suscita uma condição humana na qual predominam o desapego, a versatilidade em meio à incerteza e a vanguarda constante do eterno recomeço.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Ffffffuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!


Porque uma fuga rápida no meio dum ensaio monográfico longo é um direito inalienável.

www.blogdofu.net

Momento Caio Fernando de Abreu EXTREMADO II

Talvez tudo, talvez nada.

~

"...Por favor, não me empurre de volta ao sem volta de mim, há muito tempo estava acostumado a apenas consumir pessoas como se consomem cigarros, a gente fuma, esmaga a ponta no cinzeiro, depois vira na privada, puxa a descarga, pronto, acabou. Desculpe mas foi só mais um engano? E quantos ainda restam na palma da minha mão? Ah, me socorre que hoje não quero fechar a porta com essa fome na boca..."

~

"É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado."

~

"Para mim, atualmente, companheirismo e lealdade são meio sinônimos de felicidade. Meus amigos são muito fortes e muito profundos, são amigos de fé, para quem eu posso telefonar às cinco da manhã e dizer: olha, estou querendo me matar, o que eu faço? Eles me dão liberdade para isso, não tenho relações rápidas, quer dizer, tenho porque todo mundo tem, mas procuro sempre aprofundar. E isso é felicidade, você poder contar com os outros, se sentir cuidado, protegido. Dei esse exemplo meio barra pesada de me matar....esquece, posso ligar para ver o nascer do sol no Ibirapuera às cinco da manhã. Já fiz isso, inclusive."

~



~

"...tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé nenhuma? Ah, passa devagar a tua mão na minha cabeça, toca meu coração com teus dedos frios, eu tive tanto gostar um dia, ela pára e pede, preciso tanto tanto tanto, cara, eles não me permitiram ser a coisa boa que eu era."

~

"Chegue bem perto de mim. Me olhe , me toque, me diga qualquer coisa, ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada."

~

"A vida era muito dura. Não chegávamos a passar fome ou frio ou nenhuma dessas coisas. Mas era dura porque era sem cor, sem ritmo e também sem forma. Os dias passavam, passavam e passavam, alcançavam as semanas, dobravam as quinzenas, atingiam os meses, acumulavam-se em anos, amontoavam-se em décadas — e nada acontecia. Eu tinha a impressão de viver dentro de uma enorme e vazia bola de gás, em constante rotação."

~

"Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis."

recomenda-se

Visitem os sites e blogs recomendados, são infinitamente melhores do que tudo isso que eu copio e colo.
Além do que, se são recomenadados é porque são bons.
;)

Momento Caio Fernando de Abreu EXTREMADO

"...Por favor, não me empurre de volta ao sem volta de mim, há muito tempo estava acostumado a apenas consumir pessoas como se consomem cigarros, a gente fuma, esmaga a ponta no cinzeiro, depois vira na privada, puxa a descarga, pronto, acabou. Desculpe mas foi só mais um engano? E quantos ainda restam na palma da minha mão? Ah, me socorre que hoje não quero fechar a porta com essa fome na boca..."

(C.F.A.)

atilioboron.com

São umas das melhores coisas que vocês lerão na vida:

www.atilioboron.com

sábado, 17 de outubro de 2009

Friducha

"La tragedia es lo más ridículo que tiene 'el hombre' pero estoy segura, de que los animales, aunque 'sufren', no exiben su 'pena' en 'teatros' abiertos, ni 'cerrados' (los 'hogares').
Y su dolor es más cierto que cualquier imagen que pueda cada hombre 'representar' o sentir como dolorosa."
(Diário de Frida Kahlo)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

bloooooooooooooooooooooooooooog

Ter um blog é uma responsabilidade, pequena mas é. Ele só exige um pouco de tempo e quase nada de criatividade (embora alguns despendam muita nos seus, e isso é admirável).

Mas tempo é um "mal que não tem me acometido", estou tapada de aulas, militância, grupos de estudo, projeto de extensão, viagenzinhas, leitura, vida pessoal amorosa, amigos/as, coisas da casa à fazer (o que ninguém escapa, né?), etc...
Meu único leitor - que nem me lê muito - é uma pessoa de algum país ao redor que eu não lembro qual, uma pessoa que eu não conheço nem nunca vou conhecer pessoalmente (e que aliás é um ótimo poeta e fotógrafo). Acho que ele não vai morrer se ficar sem mim. :P

Minha qualidade de postagem caiu um HORROR desde o início e eu vinha enchendo lingüiça da pior forma possível.

Então quando voltar as férias, volto a este blog.

OS ESCRITOS SECRETOS ACHADOS NO LIXO DE ZERO HORA

OS ESCRITOS SECRETOS ACHADOS NO LIXO DE ZERO HORAOS ESCRITOS SECRETOS ACHADOS NO LIXO DE ZERO HORA

(fonte: http://cloacanews.blogspot.com/2009/09/os-escritos-secretos-achados-no-lixo-de.html)

No dia em que o tablóide gaúcho Zero Hora chegava às bancas com uma espetacular matéria acerca de um "novo caderno dos sem-terra", com anotações secretas que revelariam as "estratégias" do MST, a Unidade Roto Rooter de Reportagem deste Cloaca News passava pela rua lateral à sede daquele diário - curiosamente, Rua Zero Hora - quando teve sua atenção chamada por um enorme latão, cheio de embalagens gordurosas de pizza e papéis picados. Estacionamos nosso Cloacomóvel diante do recipiente e, burlando o aparato de segurança daquela organização, recolhemos a esmo o que foi possível. De volta à nossa redação, pudemos, enfim, avaliar todo o papelório. Entre o material recolhido estava um caderno escolar, de capa alaranjada, com 26 páginas escritas à mão, contendo anotações do que parece ser o resultado de uma reunião de pauta daquela gazeta, ocorrida dias antes.
Sob o título "Linhas Gerais", podemos presumir que tratam-se de diretrizes editoriais que valem "p/ ZH, DSM e Pioneiro", ou seja, Zero Hora, Diário de Santa Maria e O Pioneiro, de Caxias do Sul, os três principais veículos impressos do Grupo RBS no Rio Grande do Sul.
Alguns nomes estão grafados por iniciais, como YRC, por exemplo. Coincidentemente, as três letrinhas formam as iniciais da tucana Yeda Rorato Crusius. Há também referência a um certo "P.S.", em que se cobra dele uma "carta bimestral". Verificando o histórico epistolar do colunista Paulo Santana, que vira e mexe troca correspondência com YRC, imaginamos ser este o personagem da anotação.
Nesta outra imagem (abaixo), sugere-se que "LM" repercuta "RO" e "vice-versa". O tópico trata de uma eventual "sinergia" entre os vários veículos do grupo. "LM" seria Lasier Martins, da Rádio Gaúcha e do Jornal do Almoço, na RBS TV. "RO", ao que tudo indica, é a colunista joão-ninguém de ZH, Rosane de Oliveira.
Outra sigla é "TG", supostamente, o Ministro da Justiça e pré-candidato ao governo estadual Tarso Genro. Pelas instruções editoriais, deve ser atribuída a ele toda a responsabilidade por qualquer "vazamento". Não nos parece, nesse caso, que estejam tratando de problemas hidráulicos.
Bastante elucidativa, igualmente, a página dedicada à cobertura do MST.

Tanto quanto o caderno "jogado em uma lata de lixo no estacionamento do Incra", apresentado por Zero Hora, que "permite que a sociedade conheça o que o movimento [MST] pensa sobre assuntos estratégicos", este odorante achado do Cloaca News permite que a sociedade conheça o tipo de jornalismo praticado pela corporação hegemônica, sob o báculo da famiglia Sirotsky, com a cumplicidade de sua devotada matilha.

domingo, 13 de setembro de 2009

sábado, 12 de setembro de 2009

Os dragões não conhecem o paraíso...

Tenho um dragão que mora comigo.
Não, isso não é verdade.
Não tenho nenhum dragão. E, ainda que tivesse, ele não moraria comigo nem com ninguém. Para os dragões, nada mais inconcebível que dividir seu espaço - seja com outro dragão, seja com uma pessoa banal feito eu. Ou invulgar, como imagino que os outros devam ser. Eles são solitários, os dragões. Quase tão solitários quanto eu me encontrei, sozinho neste apartamento, depois de sua partida. Digo quase porque, durante aquele tempo em que ele esteve comigo, alimentei a ilusão de que meu isolamento para sempre tinha acabado. E digo ilusão porque, outro dia, numa dessas manhãs áridas da ausência dele, felizmente cada vez menos freqüentes (a aridez, não a ausência), pensei assim: Os homens precisam da ilusão do amor da mesma forma que precisam da ilusão de Deus. Da ilusão do amor para não afundarem no poço horrível da solidão absoluta; da ilusão de Deus, para não se perderem no caos da desordem sem nexo.
Isso me pareceu gradiloqüente e sábio como uma idéia que não fosse minha, tão estúpidos costumam ser meus pensamentos. E tomei nota rapidamente no guardanapo do bar onde estava. Escrevi também mais alguma coisa que ficou manchada pelo café. Até hoje não consigo decifrá-la. Ou tenho medo da minha - felizmente indecifrável - lucidez daquele dia.
Estou me confundindo, estou me dispersando.
O guardanapo, a frase, a mancha, o medo - isso deve vir mais tarde. Todas essas coisas de que falo agora - as particularidades dos dragões, a banalidade das pessoas como eu -, só descobri depois. Aos poucos, na ausência dele, enquanto tentava compreendê-lo. Cada vez menos para que minha compreensão fosse sedutora, e cada vez mais para que essa compreensão ajudasse a mim mesmo a. Não sei dizer. Quando penso desse jeito, enumero proposições como: a ser uma pessoa menos banal, a ser mais forte, mais seguro, mais sereno, mais feliz, a navegar com um mínimo de dor. Essas coisas todas que decidimos fazer ou nos tornar quando algo que supúnhamos grande acaba, e não há nada a ser feito a não ser continuar vivendo.
Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante.Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se não fosse nada.
Ninguém perguntará coisa alguma, penso. Depois continuo a contar para mim mesmo, como se fosse ao mesmo tempo o velho que conta e a criança que escuta, sentado no colo de mim. Foi essa a imagem que me veio hoje pela manhã quando, ao abrir a janela, decidi que não suportaria passar mais um dia sem contar esta história de dragões. Consegui evitá-la até o meio da tarde. Dói, um pouco. Não mais uma ferida recente, apenas um pequeno espinho de rosa, coisa assim, que você tenta arrancar da palma da mão com a ponta de uma agulha. Mas, se você não consegue extirpá-lo, o pequeno espinho pode deixar de ser uma pequena dor para se transformar numa grande chaga.
Assim, agora, estou aqui. Ponta fina de agulha equilibrada entre os dedos da mão direita, pairando sobre a palma aberta da mão esquerda. Algumas anotações em volta, tomadas há muito tempo, o guardanapo de papel do bar, com aquelas palavras sábias que não parecem minhas e aquelas outras, manchadas, que não consigo ou não quero ou finjo não poder decifrar.
Ainda não comecei.
Queria tanto saber dizer Era uma vez. Ainda não consigo.
Mas preciso começar de alguma forma. E esta, enfim, sem começar propriamente, assim confuso, disperso, monocórdio, me parece um jeito tão bom ou mau quanto qualquer outro de começar uma história. Principalmente se for uma história de dragões.
Gosto de dizer tenho um dragão que mora comigo, embora não seja verdade. Como eu dizia, um dragão jamais pertence a, nem mora com alguém. Seja uma pessoa banal igual a mim, seja unicórnio, salamandra, harpia, elfo, hamadríade, sereia ou ogro. Duvido que um dragão conviva melhor com esses seres mitológicos, mais semelhantes à natureza dele, do que com um ser humano. Não que sejam insociáveis. Pelo contrário, às vezes um dragão sabe ser gentil e submisso como uma gueixa. Apenas, eles não dividem seus hábitos.
Ninguém é capaz de compreender um dragão. Eles jamais revelam o que sentem. Quem poderia compreender, por exemplo, que logo ao despertar (e isso pode acontecer em qualquer horário, às três ou às onze da noite, já que o dia e a noite deles acontecem para dentro, mas é mais previsível entre sete e nove da manhã, pois essa é a hora dos dragões) sempre batem a cauda três vezes, como se tivessem furiosos, soltando fogo pelas ventas e carbonizando qualquer coisa próxima num raio de mais de cinco metros? Hoje, pondero: talvez seja essa a sua maneira desajeitada de dizer, como costumo dizer agora, ao despertar - que seja doce.
Mas no tempo em que vivia comigo, eu tentava - digamos - adaptá-lo às circunstâncias. Dizia por favor, tente compreender, querido, os vizinho banais do andar de baixo já reclamaram da sua cauda batendo no chão ontem às quatro da madrugada. O bebê acordou, disseram, não deixou ninguém mais dormir. Além disso, quando você desperta na sala, as plantas ficam todas queimadas pelo seu fogo. E, quanto você desperta no quarto, aquela pilha de livros vira cinzas na minha cabeceira.
Ele não prometia corrigir-se. E eu sei muito bem como tudo isso parece ridículo. Um dragão nunca acha que está errado. Na verdade, jamais está. Tudo que faz, e que pode parecer perigoso, excêntrico ou no mínimo mal-educado para um humano igual a mim, é apenas parte dessa estranha natureza dos dragões. Na manhã, na tarde ou na noite seguintes, quanto ele despertasse outra vez, novamente os vizinhos reclamariam e as prímulas amarelas e as begônias roxas e verdes, e Kafka, Salinger, Pessoa, Clarice e Borges a cada dia ficariam mais esturricados. Até que, naquele apartamento, restássemos eu e ele entre as cinzas. Cinzas são como sedas para um dragão, nunca para um humano, porque a nós lembra destruição e morte, não prazer. Eles trafegam impunes, deliciados, no limiar entre essa zona oculta e a mais mundana. O que não podemos compreender, ou pelo menos aceitar.
Além de tudo: eu não o via. Os dragões são invisíveis, você sabe. Sabe? Eu não sabia. Isso é tão lento, tão delicado de contar - você ainda tem paciência? Certo, muito lógico você querer saber como, afinal, eu tinha tanta certeza da existência dele, se afirmo que não o via. Caso você dissesse isso, ele riria. Se, como os homens e as hienas, os dragões tivessem o dom ambíguo do riso. Você o acharia talvez irônico, mas ele estaria impassível quanto perguntasse assim: mas então você só acredita naquilo que vê? Se você dissesse sim, ele falaria em unicórnios, salamandras, harpias, hamadríades, sereias e ogros. Talvez em fadas também, orixás quem sabe? Ou átomos, buracos negros, anãs brancas, quasars e protozoários. E diria, com aquele ar levemente pedante: "Quem só acredita no visível tem um mundo muito pequeno. Os dragões não cabem nesses pequenos mundos de paredes invioláveis para o que não é visível".
Ele gostava tanto dessas palavras que começam com in - invisível, inviolável, incompreensível -, que querem dizer o contrário do que deveriam. Ele próprio era inteiro o oposto do que deveria ser. A tal ponto que, quando o percebia intratável, para usar uma palavra que ele gostaria, suspeitava-o ao contrário: molhado de carinho. Pensava às vezes em tratá-lo dessa forma, pelo avesso, para que fôssemos mais felizes juntos. Nunca me atrevi. E, agora que se foi, é tarde demais para tentar requintadas harmonias.
Ele cheirava a hortelã e alecrim. Eu acreditava na sua existência por esse cheiro verde de ervas esmagadas dentro das duas palmas das mãos. Havia outros sinais, outros augúrios. Mas quero me deter um pouco nestes, nos cheiros, antes de continuar. Não acredite se alguém, mesmo alguém que não tenha um mundo pequeno, disser que os dragões cheiram a cavalos depois de uma corrida, ou a cachorros das ruas depois da chuva. A quartos fechados, mofo, frutas podres, peixe morto e maresia - nunca foi esse o cheiro dos dragões.
A hortelã e alecrim, eles cheiram. Quando chegava, o apartamento inteiro ficava impregnado desse perfume. Até os vizinhos, aqueles do andar de baixo, perguntavam se eu andava usando incenso ou defumação. Bem, a mulher perguntava. Ela tinha uns olhos azuis inocentes. O marido não dizia nada, sequer me cumprimentava. Acho que pensava que era uma dessas ervas de índio que as pessoas costumam fumar quando moram em apartamentos, ouvindo música muito alto. A mulher dizia que o bebê dormia melhor quando esse cheiro começava a descer pelas escadas, mais forte de tardezinha, e que o bebê sorria, parecendo sonhar. Sem dizer nada, eu sabia que o bebê sonhava com dragões, unicórnios ou salamandras, esse era um jeito do seu mundo ir-se tornando aos poucos mais largo. Mas os bebês costumam esquecer dessas coisas quanto deixam de ser bebês, embora possuam a estranha facilidade de ver dragões - coisa que só os mundos muito largos conseguem.
Eu aprendi o jeito de perceber quando o dragão estava a meu lado. Certa vez, descemos juntos pelo elevador com aquela mulher de olhos-azuis-inocentes e seu bebê, que também tinha olhos-azuis-inocentes. O bebê olhou o tempo todo para onde estava o dragão. Os dragões param sempre do lado esquerdo das pessoas, para conversar direto com o coração. O ar a meu lado ficou leve, de uma coloração vagamente púrpura. Sinal que ele estava feliz. Ele, o dragão, e também o bebê, e eu, e a mulher, e a japonesa que subiu no sexto andar, e um rapaz de barba no terceiro. Sorríamos suaves, meio tolos, descendo juntos pelo elevador numa tarde que lembro de abril - esse é o mês dos dragões - dentro daquele clima de eternidade fluida que apenas os dragões, mas só às vezes, sabem transmitir.
Por situações como essa, eu o amava. E o amo ainda, quem sabe mesmo agora, quem sabe mesmo sem saber direito o significado exato dessa palavra seca - amor. Se não o tempo todo, pelo menos quanto lembro de momentos assim. Infelizmente, raros. A aspereza e avesso parecem ser mais constantes na natureza dos dragões do que a leveza e o direito. Mas queria falar de antes do cheiro. Havia outros sinais, já disse. Vagos, todos eles.
Nos dias que antecediam a sua chegada, eu acordava no meio da noite, o coração disparado. As palmas das mãos suavam frio. Sem saber porque, nas manhãs seguintes, compulsivamente eu começava a comprar flores, limpar a casa, ir ao supermercado e à feira para encher o apartamento de rosas e palmas e morangos daqueles bem gordos e cachos de uvas reluzentes e berinjelas luzidias (os dragões, descobri depois, adoram contemplar berinjelas) que eu mesmo não conseguia comer. Arrumava em pratos, pelos cantos, com flores e velas e fitas, para que os espaços ficassem mais bonito.
Como uma fome, me dava. Mas uma fome de ver, não de comer. Sentava na sala toda arrumada, tapete escovado, cortinas lavadas, cestas de frutas, vasos de flores - acendia um cigarro e ficava mastigando com os olhos a beleza das coisas limpas, ordenadas, sem conseguir comer nada com a boca, faminto de ver. À medida que a casa ficava mais bonita, eu me tornava cada vez mais feio, mais magro, olheiras fundas, faces encovadas. Porque não conseguia dormir nem comer, à espera dele. Agora, agora vou ser feliz, pensava o tempo todo numa certeza histérica. Até que aquele cheiro de alecrim, de hortelã, começasse a ficar mais forte, para então, um dia, escorregar que nem brisa por baixo da porta e se instalar devagarzinho no corredor de entrada, no sofá da sala, no banheiro, na minha cama. Ele tinha chegado.
Esses ritmos, só descobri aos poucos. Mesmo o cheiro de hortelã e alecrim, descobri que era exatamente esse quando encontrei certas ervas numa barraca de feira. Meu coração disparou, imaginei que ele estivesse por perto. Fui seguindo o cheiro, até me curvar sobre o tabuleiro para perceber: eram dois maços verdes, a hortelã de folhinhas miúdas, o alecrim de hastes compridas com folhas que pareciam espinhos, mas não feriam. Pergunte o nome, o homem disse, eu não esqueci. Por pura vertigem, nos dias seguintes repetia quanto sentia saudade: alecrim hortelã alecrim hortelã alecrim hortelã alecrim.
Antes, antes ainda, o pressentimento de sua visita trazia unicamente ansiedade, taquicardias, aflição, unhas roídas. Não era bom. Eu não conseguia trabalhar, ira ao cinema, ler ou afundar em qualquer outra dessas ocupações banais que as pessoas como eu têm quando vivem. Só conseguia pensar em coisas bonitas para a casa, e em ficar bonito eu mesmo para encontrá-lo. A ansiedade era tanta que eu enfeiava, à medida que os dias passavam. E, quando ele enfim chegava, eu nunca tinha estado tão feio. Os dragões não perdoam a feiúra. Menos ainda a daqueles que honram com sua rara visita.
Depois que ele vinha, o bonito da casa contrastando com o feio do meu corpo, tudo aos poucos começava a desabar. Feito dor, não alegria. Agora agora agora vou ser feliz, eu repetia: agora agora agora. E forçava os olhos pelos cantos de prata esverdeadas, luz fugidia, a ponta em seta de sua cauda pela fresta de alguma porta ou fumaça de suas narinas, sempre mau, e a fumaça, negra. Naqueles dias, enlouquecia cada vez mais, querendo agora já urgente ser feliz. Percebendo minha ânsia, ele tornava-se cada vez mais remoto. Ausentava-se, retirava-se, fingia partir. Rarefazia seu cheiro de ervas até que não passasse de uma suspeita verde no ar. Eu respirava mais fundo, perdia o fôlego no esforço de percebê-lo, dias após dia, enquanto flores e frutas apodreciam nos vasos, nos cestos, nos cantos. Aquelas mosquinhas negras miúdas esvoaçavam em volta delas, agourentas.
Tudo apodrecia mais e mais, sem que eu percebesse, doído do impossível que era tê-lo. Atento somente à minha dor, que apodrecia também, cheirava mal. Então algum dos vizinhos batia à porta para saber se eu tinha morrido e sim, eu queria dizer, estou apodrecendo lentamente, cheirando mal como as pessoas banais ou não cheiram quando morrem, à espera de uma felicidade que não chega nunca. Ele não compreenderia. Eu não compreendia, naqueles dias - você compreende?
Os dragões, já disse, não suportam a feiúra. Ele partia quando aquele cheiro de frutas e flores e, pior que tudo, de emoções apodrecidas tornava-se insuportável. Igual e confundido ao cheiro da minha felicidade que, desta e mais uma vez, ele não trouxera. Dormindo ou acordado, eu recebia sua partida como um súbito soco no peito. Então olhava para cima, para os lados, à procura de Deus ou qualquer coisa assim - hamadríades, arcanjos, nuvens radioativas, demônios que fossem. Nunca os via. Nunca via nada além das paredes de repente tão vazias sem ele.
Só quem já teve um dragão em casa pode saber como essa casa parece deserta depois que ele parte. Dunas, geleiras, estepes. Nunca mais reflexos esverdeados pelos cantos, nem perfume de ervas pelo ar, nunca mais fumaças coloridas ou formas como serpentes espreitando pelas frestas de portas entreabertas. Mais triste: nunca mais nenhuma vontade de ser feliz dentro da gente, mesmo que essa felicidade nos deixe com o coração disparado, mãos úmidas, olhos brilhantes e aquela fome incapaz de engolir qualquer coisa. A não ser o belo, que é de ver, não de mastigar, e por isso mesmo também uma forma de desconforto. No turvo seco de uma casa esvaziada da presença de um dragão, mesmo voltando a comer e a dormir normalmente, como fazem as pessoas banais, você não sabe mais se não seria preferível aquele pântano de antes, cheio de possibilidades - que não aconteciam, mas que importa? - a esta secura de agora. Quando tudo, sem ele, é nada.
Hoje, acho que sei. Um dragão vem e parte para que seu mundo cresça? Pergunto - porque não estou certo - coisas talvez um tanto primárias, como: um dragão vem e parte para que você aprenda a dor de não tê-lo, depois de ter alimentado a ilusão de possuí-lo? E para, quem sabe, que os humanos aprendam a forma de retê-lo, se ele um dia voltar?
Não, não é assim. Isso não é verdade.
Os dragões não permanecem. Os dragões são apenas a anunciação de si próprios. Eles se ensaiam eternamente, jamais estréiam. As cortinas não chegam a se abrir para que entrem em cena. Eles se esboçam e se esfumam no ar, não se definem. O aplauso seria insuportável para eles: a confirmação de que sua inadequação é compreendida e aceita e admirada, e portanto - pelo avesso igual ao direito - incompreendida, rejeitada, desprezada. Os dragões não querem ser aceitos. Eles fogem do paraíso, esse paraíso que nós, as pessoas banais, inventamos - como eu inventava uma beleza de artifícios para esperá-lo e prendê-lo para sempre junto a mim. Os dragões não conhecem o paraíso, onde tudo acontece perfeito e nada dói nem cintila ou ofega, numa eterna monotonia de pacífica falsidade. Seu paraíso é o conflito, nunca a harmonia.
Quando volto apensar nele, nestas noites em que dei para me debruçar à janela procurando luzes móveis pelo céu, gosto de imaginá-lo voando com suas grandes asas douradas, solto no espaço, em direção a todos os lugares que é lugar nenhum. Essa é sua natureza mais sutil, avessa às prisões paradisíacas que idiotamente eu preparava com armadilhas de flores e frutas e fitas, quando ele vinha. Paraísos artificiais que apodreciam aos poucos, paraíso de eu mesmo - tão banal e sedento - a tolerar todas as suas extravagâncias, o que devia lhe soar ridículo, patético e mesquinho. Agora apenas deslizo, sem excessivas aflições de ser feliz.
As manhãs são boas para acordar dentro delas, beber café, espiar o tempo. Os objetos são bons de olhar para eles, sem muitos sustos, porque são o que são e também nos olham, com olhos que nada pensam. Desde que o mandei embora, para que eu pudesse enfim aprender a grande desilusão do paraíso, é assim que sinto: quase sem sentir.
Resta esta história que conto, você ainda está me ouvindo? Anotações soltas sobre a mesa, cinzeiros cheios, copos vazios e este guardanapo de papel onde anotei frases aparentemente sábias sobre o amor e Deus, com uma frase que tenho medo de decifrar e talvez, afinal, diga apenas qualquer coisa simples feito: nada disso existe.
Nada, nada disso existe.
Então quase vomito e choro e sangro quando penso assim. Mas respiro fundo, esfrego as palmas das mãos, gero energia em mim. Para manter-me vivo, saio à procura de ilusões como o cheiro das ervas ou reflexos esverdeados de escamas pelo apartamento e, ao encontrá-los, mesmo apenas na mente, tornar-me então outra vez capaz de afirmar, como num vício inofensivo: tenho um dragão que mora comigo. E, desse jeito, começar uma nova história que, desta vez sim, seria totalmente verdadeira, mesmo sendo completamente mentira. Fico cansado do amor que sinto, e num enorme esforço que aos poucos se transforma numa espécie de modesta alegria, tarde da noite, sozinho neste apartamento no meio de uma cidade escassa de dragões, repito e repito este meu confuso aprendizado para a criança-eu-mesmo sentada aflita e com frio nos joelhos do sereno velho-eu-mesmo:
- Dorme, só existe o sonho. Dorme, meu filho. Que seja doce.
Não, isso também não é verdade.

Caio Fernando Abreu

.:algumas coisa:.

Amelie Poulain + Radiohead + Gatos + Karl Marx + Smashing Pumpkins + Cerveja + Paulo Freire + Eduardo Galeano + Café + Chá + Alexandra Kollontai + Amigos + Istvan Mészáros + Sinceridade + Dialética + Nonsense + Hardcore + Masoquismo Amoroso + Beirut + Fora Yeda e Sarney! + Perversão + Victor Jara + Chesnais + Quadrinhos + Garbage + Persépolis + Igualdade dos Sexos + Bob Esponja + Otimismo Para os Outros + Camille Claudel + Sou Decepcionante + Glamour Decadente + The Strokes + Álvares de Azevedo + Materialismo Histórico + Insaciabilidade por Conhecimento + Mário Schmidt + Demonstração do Gostar + Tariq Ali + She Wanrs Revenge + Comuna de Paris + Peter Rabbit + Democratização da Comunicação + Jose Guadalupe Posada + Socialização da Água + Personalidade de Cachorro + Irônica + À procura de inteligência, sabedoria e conteúdo + Coggiola + Extremista + Nietzche + Desconfiança + Tolstoi + Bocage + Resistência + Distraída + Bakunin + Marla Singer + Educação Pública de Qualidade + Parque Itaimbé + Antonio Banderas + White Stripes + Anime + Humor Ácido e/ou Negro + Intervenção Urbana + Belle and Sebastian + Poesia + Ódio ao Pedantismo + Feia + Anti-Promiscuidade + Ignorante + Estúpida + Chata + Brincar de Lutinha + Contra o Deserto Verde + Deixar Ficar Subentendido + Reforma Urbana e Agrária + Desilusão + Snoopy + Odeio Fanáticos por Futebol + Rosa Luxemburgo + Brecht + Buena Vista Social Club + Loucura + Humildade + Hormônios + Melhores Condições para a Mulher (70% dos Pobres do Mundo são Mulheres) + Darcy Ribeiro + Perry Bible Fellowship + Dançar + Batucada + Anti-Criminalização da Pobreza + Urgência da Necessidade de Ferrovias + Auto-Destruição + Povos Pré-Colombianos + Ho Chi Minh + Animais Adotados + Catacumba - DCE + Via Campesina + E. 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...e mais (talvez até espalhado pelo Orkut), ou nada disso.

só pra constar (e pra poder apagar do Orkut)...

Sem feminismo, não há socialismo!
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"Me gustan demasiadas cosas y me confundo y desconcierto corriendo detrás de una estrella fugaz tras otra hasta que me hundo. Así es la noche, y eso produce. No puedo ofrecer más que mi propia confusión." (Jack Kerouac)
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"A esquerda pode marchar separadamente mas golpeará junta!" (Leon Trotsky)
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"Para que un árbol alcance con su copa al cielo, sus raíces deberán bajar hasta el infierno." (Friederich Nietzsche)
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"No inferno, os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise." (Dante Alighieri)
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"Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca!" (Darcy Ribeiro)
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"Se o capitalismo é incapaz de satisfazer as reivindicações que surgem infalivelmente dos males que ele mesmo engendrou. Então que morra!" (Leon Trotsky)
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"Na vida você vai encontrar muita gente idiota. Se te ferirem, pensa que é a imbecilidade deles que os leva a fazer o mal. Assim você vai evitar responder às maldades deles. Porque não tem nada pior no mundo do que a amargura e a vingança... seja sempre digna e fiel a você mesmo". (Marjane Satrapi)
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"Na verdade, os marxistas - especialmente na Rússia - estavam prontos a defender suas posições com franqueza absoluta. Porém, via de regra, eles abstiveram-se dos ataques pessoais. O crime de Trotsky contra essa regra não pode ser explicado somente pela efervecência da juventude - exibia agora característica que não mais o deixaria: não poder separar as idéias dos homens." (Isac Deutscher)
~

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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

FORA SARNEY!


FUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!

A água é de todos!

Um debate/ação MUITO importante.

a preguiça NÃO É uma virtude :S

Ando com preguiça de digitar as coisas que leio pra compartilhar com quem passar por aqui e fazer com que talvez se interesse e leia por completo ou se já leu comente. Mas no momento tenho passado pela "Pedagogia da Autonomia" do Freire, pelo "Capital" do Marx e pela "Crítica da Economia Política" do Marx. Todos super recomendados.

Imagem sobre os acontecimentos na Colômbia, para saber mais, passeie pelos sites relacionados. Aliás... os links ali do lado dos sites recomendados, deveriam ser lidos todos. :P

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

marchar separados, mas golpear juntos

"Unidade por objetivos comuns entre comunistas, sindicatos, organizações de trabalhadores socialistas e sociais-democratas. Somente trabalhando junto com tais organizações, os partidos comunistas serão capazes de convencer os trabalhadores da correção das idéias comunistas.
Em essência, a Frente Única é a continuação da crença de Trotsky na Revolução Permanente. Também revela, mais uma vez, a característica típica de não-fracionalismo de Trotsky. Para sermos mais simples: 'marchar separados, mas golpear juntos!'
Em 1921, o Comitern votou pela política da Frente Única, que foi depois reafirmada no seu Quarto Congresso, em 1922."

(Conheça Trotsky - Tariq Ali - pag. 106)

Gato Preto

Gato Preto
(Cascavelletes)

Oi tchau
Eu vim pra rodar no teu Rolls-Royce
Oh baby não eu não sou mau
Sim eu me considero legal
Não me leve a mal
Venha cá
Eu sou o teu gato preto

Mas amanhã eu vou chorar
E não há nada que você possa mudar
Amanhã eu vou chorar
E não há nada que você

Oi tchau
Eu vim pra fazer o meu ritual
Papai mamãe
Vão me detestar e me expulsar
Vem cá eu sou o teu gato preto
Mas quando o sol raiar
Eu sei que vou sofrer
Amanhã eu vou chorar
E não há nada que você possa mudar
Amanhã eu vou chorar
E não há nada que você

Inverno passado ainda sonhava
Deitado ao teu lado
Mas isso mudou
Eu fujo sentindo uma dor

Oi tchau
Eu te dou azar
Ah minha princesinha
É melhor se afastar

Amanhã eu vou chorar
E não há nada que você possa mudar
Amanhã eu vou chorar
E não há nada que você

Inverno passado ainda sonhava
Deitado a teu lado
Isso mudou
Eu fujo levando uma dor

Eu sou o teu gato preto
Aquele que apareceu na tua vida
Quando tu menos esperava
Eu roubei teus amigos
Eu gastei tua grana
Eu usei o teu corpo
E te faço chorar
Eu te faço chorar

sábado, 29 de agosto de 2009

confianzas


se sienta a la mesa y escribe
con este poema no tomarás el poder
con estos versos no harás la Revolución
ni con miles de versos harás la Revolución
y más: esos versos no han de servirle para
que peones maestros hacheros vivan mejor
coman mejor o él mismo coma viva mejor
ni para enamorar a una le servirán
no ganará plata con ellos
no entrará al cine gratis con ellos
no le darán ropa por ellos
no conseguirá tabaco o vino por ellos
ni papagayos ni bufandas ni barcos
ni toros ni paraguas conseguirá por ellos
si por ellos fuera a la lluvia lo mojará
no alcanzará perdón o gracia por ellos
con este poema no tomarás el poder
con estos versos no harás la Revolución
ni con miles de versos harás la Revolución
se sienta a la mesa y escribe

http://www.youtube.com/watch?v=0f7UPTz4KeU&feature=related

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Não há complacência!

"Após a Revolução de Outubro, os bolcheviques tratam os generais do czar com generosidade. Coisa muito pouco conhecida pelos historiadores burgueses.

'A revolução cometeu o erro de mostrar-se complacente com o líder do ataque cossaco (general Krasnov). Ele poderia ter sido fuzilado. Após alguns dias, recuperou sua liberdade, depois de dar sua palavra de honra de que nunca mais pegaria em armas contra a revolução. Porém, que valor pode ter promessas de honra para os inimigos da pátria e da propriedade? Ele se foi para incendiar e dizimar a região de Don.'"

(Victor Serge)

Fonte: Conheça Trotsky – Tariq Ali e Phill Evans

as pessoas mudam

"Todos os trabalhos de organização prática da insurreição foram colocados sob a direção imediata do presidente do Soviet de Petrogrado, o camarada Trotsky. Podemos dizer com certeza que o partido deve a rápida adesão das tropas para o lado dos soviets e o trabalho preciso do Comitê Militar Revolucionário, acima de tudo e principalmente, ao camarada Trotsky."

Acreditem ou não, Joseph Stálin em 1917.
As pessoas mudam, infelizmente, muitas vezes pra pior.



Fonte: Conheça Trotsky – Tariq Ali e Phill Evans
Imagem: Stalin jovem em 1902 – eu sei que o cara é do mau, mas que “pão” ^^

O capitalismo não é de quem trabalha!

...

A gente sempre se perde quando se entrega demais, de coração, com sinceridade - em qualquer coisa. O mundo é anti-ético, crianças!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Interpol

Stella Was A Diver And She Was Always Down


When she walks down the street,
She knows there's people watching.
The building fronts are just fronts
To hide the people watching her

But she once fell through the street
Down a manhole in that bad way
The underground drip
Was just like her scuba days

Days
Daze
Days
Daze

She was all right because the sea was so airtight, she broke away
She is all right but she can't come out tonight, she broke away
She was all right, yeah the sea was so tight, air tight
She broke away, broke away

At the bottom of the ocean she dwells
At the bottom of the ocean she dwells
From crevices caressed by fingers
And fat blue serpent swells
Stella, Stella, Stella, Stella I love you

Well, she was my catatonic sex toy, love-joy diver
She went down down down there into the sea,
Yeah she went down down down there, down there for me, right on

So good, oh yeah, right on

There's something that's invisible,
There's some things you can't hide,
Try detect you when I'm sleeping,
In a wave you say goodbye...

o velho leon e natália em coyoacán

o velho leon e natália em coyoacán

desta vez não vai ter neve como em petrogrado aquele dia
o céu vai estar limpo e o sol brilhando
você dormindo e eu sonhando

nem casacos nem cossacos como em petrogrado aquele dia
apenas você nua e eu como nasci
eu dormindo e você sonhando

não vai mais ter multidões gritando como em petrogrado aquele dia
silêncio nós dois murmúrios azuis
eu e você dormindo e sonhando

nunca mais vai ter um dia como em petrogrado aquele dia
nada como um dia indo atrás de outro vindo
você e eu sonhando e dormindo

(Paulo Leminsky)

Obs. sugerido via Orkut pelo amigo Neandro

sem feminismo, não há socialismo


Quando os homens querem atacar uma mulher dentro da militância, sempre apelam em último caso de forma COVARDE pra moral, porque sabem que a sociedade machista ainda tem as mulheres como dadas à sentimentalismos e fofocas além de serem facilmente incriminadas por práticas sexuais ou de comportamento que não incriminam os homens quando cometidas por estes.
"O levantamento das massas não é feito. Ele mesmo se faz, de acordo com suas próprias vontades."

(Trotsky)

não poder separar as idéias dos homens


"Na verdade, os marxistas - especialmente na Rússia - estavam prontos a defender suas posições com franqueza absoluta. Porém, via de regra, eles abstiveram-se dos ataques pessoais. O crime de Trotsky contra essa regra não pode ser explicado somente pela efervecência da juventude - exibia agora característica que não mais o deixaria: não poder separar as idéias dos homens."

(Isac Deutscher)

domingo, 23 de agosto de 2009

novas técnicas de como dar prazer infalível a uma mulher:

Em geral os conselhos relacionados ao assunto raramente rendem o sucesso esperado. Mas não é o caso destas cinco técnicas infalíveis. Quer deixar sua parceira "louquinha" de prazer? Comece seguindo estes conselhos.

(Atenção: Segredos revelados por uma mulher.)

Técnica nº1: Mãos Molhadas

Sim, a técnica das mãos molhadas. Certamente a mais popular entre as mulheres. Tão simples. Tão excitante. Você vai deixá-la sem fôlego:

* Faça sua parceira sentar-se em uma cadeira confortável na cozinha. Certifique-se que ela consegue ver muito bem tudo que você faz.
* Encha a pia da cozinha com água e adicione algumas gotas de detergente para louça com aroma. (Existem muitos aromas que podem ser utilizados -maçã, limão, lavanda - escolha o que quiser. Se estiver em dúvida, experimente o 'neutro').
* Segurando uma esponja macia, submerja suas mãos na água e sinta sua pele ser envolvida pelo líquido até que a esponja esteja bem molhada..
* Agora, movendo-se devagar e gentilmente, pegue um prato sujo do jantar, coloque-o dentro da pia e esfregue a esponja em toda a superfície do prato. Vá esfregando com movimentos circulares até que o prato esteja limpo.
* Enxague o prato com água limpa e coloque-o para secar. Repita com toda a louça do jantar até que sua parceira esteja gemendo de prazer.

Técnica nº2: Vibrando pela Sala

Esta técnica utiliza o que para muitas mulheres é considerado um "brinquedinho". É um pouco mais difícil do que a primeira, mas com algum treino você vai fazer com que sua parceira grite de prazer.

* Cuidadosamente apanhe o aspirador de pó no lugar onde ele fica guardado. Seja gentil, demonstre a ela que você sabe o que está fazendo.
* Ligue-o na tomada, aperte os botões certos na ordem correta.
* Vagarosamente vá movendo-se para frente e para trás, para frente e para trás... por todo o carpete da sala. Você saberá quando deve passar para uma nova área.
* Vá mudando gradativamente de lugar. Repita quantas vezes seja necessário até atingir os resultados.

Técnica n°3: A Camiseta Molhada

Este joguinho é bem fácil, embora você precise de mente rápida e reflexos certeiros. Se você for capaz de administrar corretamente a agitação e a vibração do processo, sua parceira falará de sua perfomance a todas as amigas dela.

* Você precisará de duas pilhas de roupas sujas. Uma com as roupas brancas, e outra com as coloridas.
* Encha a máquina de lavar com água e vá derramando gentilmente o sabão em pó dentro dela (para deixar a mulher ofegante, use exatamente a quantidade recomendada pelo fabricante).
* Agora, sensualmente coloque as roupas brancas na máquina... uma de cada vez.... devagar. Feche a tampa e ligue o 'ciclo completo'.
* Enquanto você vê sua companheira babar de desejo por você, essa é uma ótima oportunidade para pôr em prática a Técnica nº2.
* Ao fim do ciclo, retire as roupas da máquina e estenda-as para secar. Repita a operação com as roupas coloridas..

Atenção: Se nesse ponto ela começar a gritar algo como: - "Sim! Sim! Ai! Isso! Ai mesmo! Oh meu Deus! Não pára! Não pára não!" Não pare. Continue até que ela esteja exausta de prazer.

Técnica nº4: O que sobe, desce

Esta é uma técnica muito rapidinha. Para aqueles momentos em que você quer surpreendê-la com um toque de satisfação e felicidade. Pode ter certeza, ela não vai resistir.

* Ao ir ao banheiro, levante o assento do vaso. Ao terminar, abaixe novamente.
* Faça isso todas as vezes.
* Ela vai precisar de atendimento médico de tanto prazer.

Técnica nº5: Gratificação Total

Cuidado: colocar em prática esta técnica pode levar sua companheira a um tal estado de sublimação que será difícil depois acalmá-la, podendo causar riscos irreversíveis a saúde da mulher.

* Esta técnica leva algum tempo para aperfeiçoar. Empenhe-se com afinco. Experimente sozinho algumas vezes durante a semana e tente surpreendê-la numa sexta-feira à noite. Funciona melhor se ela trabalha fora e chega cansada em casa.
* Aprenda a fazer uma refeição completa. Seja bom nisso.
* Quando ela chegar em casa, convença-a a tomar um banho relaxante (de preferência aromático em uma banheira de água morna que você já preparou).
* Enquanto ela está lá, termine o jantar que você já adiantou antes dela chegar em casa.
* Após ela estar relaxada pelo banho e saciada pelo jantar, proceda com a Técnica nº1.
* Preste atenção nela pois o estado de satisfação será extremamente alto, podendo causar coma repentino.

Obs. achou que era putaria né? >:D

Os limites do capital são os limites da Terra - Leonardo Boff

Em 1961 precisávamos de metade da Terra para atender as demandas humanas. Em 1981 empatávamos: precisávamos de um Terra inteira. Em 1995 já ultrapassamos em 10% de sua capacidade de regeneração, mas era ainda suportável. Em 2008 passamos de 40% e a Terra está dando sinais inequívocos de que já não agüenta mais. Se mantivermos o crescimento do PIB mundial entre 2-3% ao ano, em 2050 vamos precisar de duas Terras, o que é impossível. A análise é de Leornado Boff, em seu artigo de estréia como colunista da Carta Maior.

Uma semana após o estouro da bolha econômico-financeira , no dia 23 de setembro, ocorreu o assim chamado Earth Overshoot Day , quer dizer, "o dia da ultrapassagem da Terra". Grandes institutos que acompanham sistematicamente o estado da Terra anunciaram: a partir deste dia o consumo da humanidade ultrapassou em 40% a capacidade de suporte e regeneração do sistema-Terra. Traduzindo: a humanidade está consumindo um planeta inteiro e mais 40% dele que não existe. O resultado é a manifestação insofismável da insustentabilidade global da Terra e do sistema de produção e consumo imperante. Entramos no vermelho e assim não poderemos continuar porque não temos mais fundos para cobrir nossas dívidas ecológicas.

Esta notícia, alarmante e ameaçadora, ganhou apenas algumas linhas na parte internacional dos jornais, ao contrário da outra que até hoje ocupa as manchetes dos meios de comunicação e os principais noticiários de televisão. Lógico, nem poderia ser diferente. O que estrutura as sociedades mundiais, como há muitos anos o analisou Polaniy em seu famoso livro A Grande Transformação, não é nem a política nem a ética e muito menos a ecologia, mas unicamente a economia. Tudo virou mercadoria, inclusive a própria Terra. E a economia submeteu a si a política e mandou para o limbo a ética.

Até hoje somos castigados dia a dia a ler mais e mais relatórios e análises da crise econômico-financeira como se somente ela constituisse a realidade realmente existente. Tudo o mais é secundarizado ou silenciado.

A discussão dominante se restringe a esta questão: que correções importa fazer para salvar o capitalismo e regular os mercados? Assim poderíamos continuar as usual a fazer nossos negócios dentro da lógica própria do capital que é: quanto posso ganhar com o menor investimento possível, no lapso de tempo mais curto e com mais chances de aumentar o meu poder de competição e de acumulação? Tudo isso tem um preço: a delapidação da natureza e o esquecimento da solidariedade generacional para com os que virão depois de nós. Eles precisam também satisfazer suas necessidades e habitar um planeta minimamente saudável. Mas esta não é a preocupação nem o discurso dos principais atores econômicos mundiais mesmo da maioria dos Estados, como o brasileiro que, nesta questão, é administrado por analfabetos ecológicos.

Poucos são os que colocam a questão axial: afinal se trata de salvar o sistema ou resolver os problemas da humanidade? Esta é constituída em grande parte por sobreviventes de uma tribulação que não conhece pausa nem fim, provocada exatamente por um sistema econômico e por políticas que beneficiam apenas 20% da humanidade, deixando os demais 80% a comer migualhas ou entregues à sua própria sorte.. Curiosamente, as vitimas que são a maioria sequer estão presentes ou representadas nos foros em que se discute o caos econômico atual. E pour cause, para o mercado são tidos como zeros econômicos, pois o que produzem e o que consomem é irrelevante para contabilidade geral do sistema.

A crise atual constitui uma oportunidade única de a humanidade parar, pensar, ver onde se cometeram erros, como evitá-los e que rumos novos devemos conjuntamente construir para sair da crise, preservar a natureza e projetar um horizonte de esperança, promissor para toda a comunidade de vida, incluídas as pessoas humanas. Trata-se sem mais nem menos de articular um novo padrão de produção e de consumo com uma repartição mais equânime dos benefícios naturais e tecnológicos, respeitando a capacidade de suporte de cada ecosistema, do conjunto do sistema-Terra e vivendo em harmonia com a natureza.

Milkahil Gorbachev, presidente da Cruz Verde Internacional e um dos principais animadores da Carta da Terra, grupo o qual pertenço, advertiu recentemente: Precisamos de um novo paradigma de civilização porque o atual chegou ao seu fim e exauriu suas possibilidades. Temos que chegar a um consenso sobre novos valores. Em 30 ou 40 anos a Terra poderá existir sem nós.

A busca de um novo paradigma civilizatório é condição de nossa sobrevivência como espécie. Assim como está não podemos continuar. Na última página de seu livro A era dos extremos diz enfaticamente Eric Hobsbawm: Nosso mundo corre o risco de explosão e de implosão. Tem de mudar. E o preço do fracasso, ou seja, a alternativa para a mudança da sociedade é a escuridão.

Importa entender que estamos enredados em quatro grandes crises: duas conjunturais – a econômica e a alimentar – e duas estruturais – a energética e a climática. Todas elas estão interligadas e a solução deve ser includente. Não dá para se ater apenas à questão econômica, como é predominante nos dabates atuais. Deve-se começar pelas crises estruturais pois que se não forem bem encaminhadas, tornarão insustentáveis todas as demais.

As crises estruturais, portanto, são as que mais atenção merecem. A crise energética revela que a matriz baseada na energia fóssil que movimenta 80% da máquina produtiva mundial tem dias contados. Ou inventamos energias alternativas ou entraremos em poucos anos num incomensurável colapso.

A crise climática possui traços de tragédia. Não estamos indo ao encontro dela. Já estamos dentro dela. A Terra já começou a se aquecer. A roda começou a girar e nao há mais como pará-la, apenas diminuir sua velocidade ao minimizar seus efeitos catastróficos e ao adaptar-se a ela. Bilhões e bilhões de dólares devem ser investidos anualmente para estabilzar o clima entorno de 2 a 3 graus Celsius já que seu aquecimento poderá ficar entre 1,6 a 6 graus, o que poderia configurar uma devastação gigantesca da biodiversidade e o holocausto de milhões de seres humanos.

De todas as formas, mesmo mitigado, este aquecimento vai produzir transtornos significativos no equilíbrio climático da Terra e provocar nos próximos anos cerca de 150-200 milhões de refugiados climáticos segundo dados fornecidos pelo atual Presidente da Assembléia Geral da ONU, Miguel d'Escoto, em seu discurso inaugural em meados de outubro de 2008. E estes dificilmente aceitarão o veredito de morte sobre suas vidas. Romperão fronteiras nacionais, desestabilizando politicamente muitas nações.

Estas duas crises estruturais vão inviabilizar o projeto do capital. Ele partia do falso pressuposto de que a Terra é uma espécie de baú do qual podemos tirar recursos indefinidamente. Hoje ficou claro que a Terra é um planeta pequeno, velho e limitado que não suporta um projeto de exploração ilimitada..

Em 1961 precisávamos de metade da Terra para atender as demandas humanas. Em 1981 empatávamos: precisávamos de um Terra inteira. Em 1995 já ultrapassamos em 10% de sua capacidade de regeneração, mas era ainda suportável. Em 2008 passamos de 40% e a Terra está dando sinais inequívocos de que já não agüenta mais. Se mantivermos o crescimento do PIB mundial entre 2-3% ao ano, em 2050 vamos precisar de duas Terras, o que é impossível. Mas não chegaremos lá. Resta ainda lembrar que entre 1900 quando a humanidade tinha 1,6 bilhões de habitantes e 2008 com 6,7 bilhões, o consumo aumentou 16 vezes. Se os paises ricos quissessem generalizar para toda a humanidade o seu bem-estar - cálculos já foram feitos - iríamos precisar de duas Terras iguais a nossa.

A crise de 1929 dava por descontada a sustentabilidade da Terra. A nossa não pode mais contar com este fato e com a abundancia dos recursos naturais. Nenhuma solução meramente econômica da crise pode suprir este déficit da Terra. Não considerar este dado torna a análise manca naquilo que é a determinação fundamental e a nova centralidade.

Tudo isso nos convence de que a crise do capital não é crise cíclica. É crise terminal. Em 300 anos de hegemonia praticamente mundial, esse modo de produção com sua expressão política, o liberalismo, destruiu com sua voracidade desenfreada, as bases que o sustentam: a força de trabalho, substituindo- a pela máquina e a natureza devastando-a a ponto de ela não conseguir, sozinha, se auto-regenerar. Por mais estragemas que seus ideólogos vindos da tradição marxiana, keneysiana ou outras tentem inventar saídas para este corpo moribundo, elas não seráo capazes de reanimáa-lo. Suas dores não são de parto de um novo ser mas dores de um moribundo. Ele não morrerá nem hoje nem amanhã. Possui capacidade de prolongar sua agonia mas esgotou sua virtualidadae de nos oferecer um futuro dicernível. Quem o está matando não somos nós, já que não nos cabe matá-lo mas superá-lo, na boa tradição marxiana bem lembrada por Chico Oliveria em sua lúcida entrevista, mas a própria natureza e a Terra.

Repetimos: os limites do capitalismo são os limites da Terra. Já encostamos nestes limites tanto da Terra quanto do capitalismo. A continuar seremos destruídos por Gaia pois ela, no processo evolucionário, sempre elimina aquelas espécies que de forma persistente e continuada ameaçam a todas as demais. Nós, homo sapiens e demens, nos fizemos, na dura expressão do grande biólogo E. Wilson, o Satã da Terra, quando nossa vocação era o de sermos seu cuidador, guardião e anjo bom.

Para onde iremos? Nem o Papa nem o Dalai Lama, nem Barack Obama nem muito menos os economistas nos poderão apontar uma solução. Mas pelo menos podemos indicar uma direção. Se esta estiver certa, o caminho poderá fazer curvas, subir e descer e até conhecer atalhos, esta direção nos levará a uma terra na qual os seres humanos podem ainda viver humananente e tratar com cuidado, com compaixão e com amor a Terra, Pacha Mama, Nana e nossa Grande Mãe.

Esta direção, como tantos outros já o assinalaram, se assenta nestes cinco eixos: (1) um uso sustentável, responsável e solidário dos limitados recursos e serviços da natureza; (2) o valor de uso dos bens deve ter prioridade sobre seu valor de troca; (3) um controle democrático deve ser construído nas relações sociais, especialmente sobre os mercados e os capitais especulativos; (4) o ethos mínimo mundial deve nascer do intercâmbio multicultural, dando ênfase à ética do cuidado, da compaixão, da cooperação e da responsabilidade universal; (5) a espiritualidade, como expressão da singularidade humana e não como monopólio das religiões, deve ser incentivada como uma espécie de aura benfazeja que acompanha a trajetória humana, pois ancora o ser humano e a história numa dimensão para além do espaço e do tempo, conferindo sentido à nossa curta passagem por este pequeno planeta.

Devemos crer, como nos ensinam os cosmólogos contemporâneos, nas virtualidades escondidas naquela Energia de fundo da qual tudo provém, que sustenta o universo, que atua por detrás de cada ser e que subjaz a todos os eventos históricos e que permite emergências surpreendentes. É do caos que nasce a nova ordem. Devemos fazer de tudo para que o atual caos não seja destrutivo mas criativo. Então sobrevivemos com o mesmo destino da Terra, a única casa comum que temos para morar.

Hobsbawm na Carta Maior


Em entrevista a Marcello Musto, o historiador Eric Hobsbawm analisa a atualidade da obra de Marx e o renovado interesse que vem despertando nos últimos anos, mais ainda agora após a nova crise de Wall Street. E fala sobre a necessidade de voltar a ler o pensador alemão: “Marx não regressará como uma inspiração política para a esquerda até que se compreenda que seus escritos não devem ser tratados como programas políticos, mas sim como um caminho para entender a natureza do desenvolvimento capitalista”.

Eric Hobsbawm é considerado um dos maiores historiadores vivos. É presidente do Birbeck College (London University) e professor emérito da New School for Social Research (Nova Iorque). Entre suas muitas obras, encontra-se a trilogia acerca do “longo século XIX”: “A Era da Revolução: Europa 1789-1848” (1962); “A Era do Capital: 1848-1874” (1975); “A Era do Império: 1875-1914 (1987) e o livro “A Era dos Extremos: o breve século XX, 1914-1991 (1994), todos traduzidos em vários idiomas.

Entrevistamos o historiador por ocasião da publicação do livro “Karl Marx’s Grundrisse. Foundations of the Critique of Political Economy 150 Years Later” (Os Manuscritos de Karl Marx. Elementos fundamentais para a Crítica da Economia Política, 150 anos depois).

Nesta conversa, abordamos o renovado interesse que os escritos de Marx vêm despertando nos últimos anos e mais ainda agora após a nova crise de Wall Street. Nosso colaborador Marcello Musto entrevistou Hobsbawm para Sin Permiso.

Marcello Musto: Professor Hobsbawm, duas décadas depois de 1989, quando foi apressadamente relegado ao esquecimento, Karl Marx regressou ao centro das atenções. Livre do papel de intrumentum regni que lhe foi atribuído na União Soviética e das ataduras do “marxismo-leninismo” , não só tem recebido atenção intelectual pela nova publicação de sua obra, como também tem sido objeto de crescente interesse. Em 2003, a revista francesa Nouvel Observateur dedicou um número especial a Marx, com um título provocador: “O pensador do terceiro milênio?”. Um ano depois, na Alemanha, em uma pesquisa organizada pela companhia de televisão ZDF para estabelecer quem eram os alemães mais importantes de todos os tempos, mais de 500 mil espectadores votaram em Karl Marx, que obteve o terceiro lugar na classificação geral e o primeiro na categoria de “relevância atual”.

Em 2005, o semanário alemão Der Spiegel publicou uma matéria especial que tinha como título “Ein Gespenst Kehrt zurük” (A volta de um espectro), enquanto os ouvintes do programa “In Our Time” da rádio 4, da BBC, votavam em Marx como o maior filósofo de todos os tempos. Em uma conversa com Jacques Attali, recentemente publicada, você disse que, paradoxalmente, “são os capitalistas, mais que outros, que estão redescobrindo Marx” e falou também de seu assombro ao ouvir da boca do homem de negócios e político liberal, George Soros, a seguinte frase: “Ando lendo Marx e há muitas coisas interessantes no que ele diz”. Ainda que seja débil e mesmo vago, quais são as razões para esse renascimento de Marx? É possível que sua obra seja considerada como de interesse só de especialistas e intelectuais, para ser apresentada em cursos universitários como um grande clássico do pensamento moderno que não deveria ser esquecido? Ou poderá surgir no futuro uma nova “demanda de Marx”, do ponto de vista político?

Eric Hobsbawm: Há um indiscutível renascimento do interesse público por Marx no mundo capitalista, com exceção, provavelmente, dos novos membros da União Européia, do leste europeu. Este renascimento foi provavelmente acelerado pelo fato de que o 150° aniversário da publicação do Manifesto Comunista coincidiu com uma crise econômica internacional particularmente dramática em um período de uma ultra-rápida globalização do livre-mercado.

Marx previu a natureza da economia mundial no início do século XXI, com base na análise da “sociedade burguesa”, cento e cinqüenta anos antes. Não é surpreendente que os capitalistas inteligentes, especialmente no setor financeiro globalizado, fiquem impressionados com Marx, já que eles são necessariamente mais conscientes que outros sobre a natureza e as instabilidades da economia capitalista na qual eles operam.

A maioria da esquerda intelectual já não sabe o que fazer com Marx. Ela foi desmoralizada pelo colapso do projeto social-democrata na maioria dos estados do Atlântico Norte, nos anos 1980, e pela conversão massiva dos governos nacionais à ideologia do livre mercado, assim como pelo colapso dos sistemas políticos e econômicos que afirmavam ser inspirados por Marx e Lênin. Os assim chamados “novos movimentos sociais”, como o feminismo, tampouco tiveram uma conexão lógica com o anti-capitalismpo (ainda que, individualmente, muitos de seus membros possam estar alinhados com ele) ou questionaram a crença no progresso sem fim do controle humano sobre a natureza que tanto o capitalismo como o socialismo tradicional compartilharam. Ao mesmo tempo, o “proletariado” , dividido e diminuído, deixou de ser crível como agente histórico da transformação social preconizada por Marx.

Devemos levar em conta também que, desde 1968, os mais proeminentes movimentos radicais preferiram a ação direta não necessariamente baseada em muitas leituras e análises teóricas. Claro, isso não significa que Marx tenha deixado de ser considerado como um grande clássico e pensador, ainda que, por razões políticas, especialmente em países como França e Itália, que já tiveram poderosos Partidos Comunistas, tenha havido uma apaixonada ofensiva intelectual contra Marx e as análises marxistas, que provavelmente atingiu seu ápice nos anos oitenta e noventa. Há sinais agora de que a água retomará seu nível.

Marcello Musto: Ao longo de sua vida, Marx foi um agudo e incansável investigador, que percebeu e analisou melhor do que ninguém em seu tempo o desenvolvimento do capitalismo em escala mundial. Ele entendeu que o nascimento de uma economia internacional globalizada era inerente ao modo capitalista de produção e previu que este processo geraria não somente o crescimento e prosperidade alardeados por políticos e teóricos liberais, mas também violentos conflitos, crises econômicas e injustiça social generalizada. Na última década, vimos a crise financeira do leste asiático, que começou no verão de 1997; a crise econômica Argentina de 1999-2002 e, sobretudo, a crise dos empréstimos hipotecários que começou nos Estados Unidos em 2006 e agora tornou-se a maior crise financeira do pós-guerra. É correto dizer, então, que o retorno do interesse pela obra de Marx está baseado na crise da sociedade capitalista e na capacidade dele ajudar a explicar as profundas contradições do mundo atual?

Eric Hobsbawm: Se a política da esquerda no futuro será inspirada uma vez mais nas análises de Marx, como ocorreu com os velhos movimentos socialistas e comunistas, isso dependerá do que vai acontecer no mundo capitalista. Isso se aplica não somente a Marx, mas à esquerda considerada como um projeto e uma ideologia política coerente. Posto que, como você diz corretamente, a recuperação do interesse por Marx está consideravelmente – eu diria, principalmente – baseado na atual crise da sociedade capitalista, a perspectiva é mais promissora do que foi nos anos noventa. A atual crise financeira mundial, que pode transformar- se em uma grande depressão econômica nos EUA, dramatiza o fracasso da teologia do livre mercado global descontrolado e obriga, inclusive o governo norte-americano, a escolher ações públicas esquecidas desde os anos trinta.

As pressões políticas já estão debilitando o compromisso dos governos neoliberais em torno de uma globalização descontrolada, ilimitada e desregulada. Em alguns casos, como a China, as vastas desigualdades e injustiças causadas por uma transição geral a uma economia de livre mercado, já coloca problemas importantes para a estabilidade social e mesmo dúvidas nos altos escalões de governo. É claro que qualquer “retorno a Marx” será essencialmente um retorno à análise de Marx sobre o capitalismo e seu lugar na evolução histórica da humanidade – incluindo, sobretudo, suas análises sobre a instabilidade central do desenvolvimento capitalista que procede por meio de crises econômicas auto-geradas com dimensões políticas e sociais. Nenhum marxista poderia acreditar que, como argumentaram os ideólogos neoliberais em 1989, o capitalismo liberal havia triunfado para sempre, que a história tinha chegado ao fim ou que qualquer sistema de relações humanas possa ser definitivo para todo o sempre.

Marcello Musto: Você não acha que, se as forças políticas e intelectuais da esquerda internacional, que se questionam sobre o que poderia ser o socialismo do século XXI, renunciarem às idéias de Marx, estarão perdendo um guia fundamental para o exame e a transformação da realidade atual?

Eric Hobsbawm: Nenhum socialista pode renunciar às idéias de Marx, na medida que sua crença em que o capitalismo deve ser sucedido por outra forma de sociedade está baseada, não na esperança ou na vontade, mas sim em uma análise séria do desenvolvimento histórico, particularmente da era capitalista. Sua previsão de que o capitalismo seria substituído por um sistema administrado ou planejado socialmente parece razoável, ainda que certamente ele tenha subestimado os elementos de mercado que sobreviveriam em algum sistema pós-capitalista.

Considerando que Marx, deliberadamente, absteve-se de especular acerca do futuro, não pode ser responsabilizado pelas formas específicas em que as economias “socialistas” foram organizadas sob o chamado “socialismo realmente existente”. Quanto aos objetivos do socialismo, Marx não foi o único pensador que queria uma sociedade sem exploração e alienação, em que os seres humanos pudessem realizar plenamente suas potencialidades, mas foi o que expressou essa idéia com maior força e suas palavras mantêm seu poder de inspiração.

No entanto, Marx não regressará como uma inspiração política para a esquerda até que se compreenda que seus escritos não devem ser tratados como programas políticos, autoritariamente ou de outra maneira, nem como descrições de uma situação real do mundo capitalista de hoje, mas sim como um caminho para entender a natureza do desenvolvimento capitalista. Tampouco podemos ou devemos esquecer que ele não conseguiu realizar uma apresentação bem planejada, coerente e completa de suas idéias, apesar das tentativas de Engels e outros de construir, a partir dos manuscritos de Marx, um volume II e III de “O Capital”. Como mostram os “Grundrisse”, aliás. Inclusive, um Capital completo teria conformado apenas uma parte do próprio plano original de Marx, talvez excessivamente ambicioso.

Por outro lado, Marx não regressará à esquerda até que a tendência atual entre os ativistas radicais de converter o anti-capitalismo em anti-globalizaçã o seja abandonada. A globalização existe e, salvo um colapso da sociedade humana, é irreversível. Marx reconheceu isso como um fato e, como um internacionalista, deu as boas vindas, teoricamente. O que ele criticou e o que nós devemos criticar é o tipo de globalização produzida pelo capitalismo.

Marcello Musto: Um dos escritos de Marx que suscitaram o maior interesse entre os novos leitores e comentadores são os “Grundrisse”. Escritos entre 1857 e 1858, os “Grundrisse” são o primeiro rascunho da crítica da economia política de Marx e, portanto, também o trabalho inicial preparatório do Capital, contendo numerosas reflexões sobre temas que Marx não desenvolveu em nenhuma outra parte de sua criação inacabada. Por que, em sua opinião, estes manuscritos da obra de Marx, continuam provocando mais debate que qualquer outro texto, apesar do fato dele tê-los escrito somente para resumir os fundamentos de sua crítica da economia política? Qual é a razão de seu persistente interesse?

Eric Hobsbawm: Desde o meu ponto de vista, os "Grundrisse" provocaram um impacto internacional tão grande na cena marxista intelectual por duas razões relacionadas. Eles permaneceram virtualmente não publicados antes dos anos cinqüenta e, como você diz, contendo uma massa de reflexões sobre assuntos que Marx não desenvolveu em nenhuma outra parte. Não fizeram parte do largamente dogmatizado corpus do marxismo ortodoxo no mundo do socialismo soviético. Mas não podiam simplesmente ser descartados. Puderam, portanto, ser usados por marxistas que queriam criticar ortodoxamente ou ampliar o alcance da análise marxista mediante o apelo a um texto que não podia ser acusado de herético ou anti-marxista. Assim, as edições dos anos setenta e oitenta, antes da queda do Muro de Berlim, seguiram provocando debate, fundamentalmente porque nestes escritos Marx coloca problemas importantes que não foram considerados no “Capital”, como por exemplo as questões assinaladas em meu prefácio ao volume de ensaios que você organizou (Karl Marx's Grundrisse. Foundations of the Critique of Political Economy 150 Years Later, editado por M. Musto, Londres-Nueva York, Routledge, 2008).

Marcello Musto: No prefácio deste livro, escrito por vários especialistas internacionais para comemorar o 150° aniversário de sua composição, você escreveu: “Talvez este seja o momento correto para retornar ao estudo dos “Grundrisse”, menos constrangidos pelas considerações temporais das políticas de esquerda entre a denúncia de Stalin, feita por Nikita Khruschev, e a queda de Mikhail Gorbachev”. Além disso, para destacar o enorme valor deste texto, você diz que os “Grundrisse” “trazem análise e compreensão, por exemplo, da tecnologia, o que leva o tratamento de Marx do capitalismo para além do século XIX, para a era de uma sociedade onde a produção não requer já mão-de-obra massiva, para a era da automatização, do potencial de tempo livre e das transformações do fenômeno da alienação sob tais circunstâncias. Este é o único texto que vai, de alguma maneira, mais além dos próprios indícios do futuro comunista apontados por Marx na “Ideologia Alemã”. Em poucas palavras, esse texto tem sido descrito corretamente como o pensamento de Marx em toda sua riqueza. Assim, qual poderia ser o resultado da releitura dos “Grundrisse” hoje?

Eric Hobsbawm: Não há, provavelmente, mais do que um punhado de editores e tradutores que tenham tido um pleno conhecimento desta grande e notoriamente difícil massa de textos. Mas uma releitura ou leitura deles hoje pode ajudar-nos a repensar Marx: a distinguir o geral na análise do capitalismo de Marx daquilo que foi específico da situação da sociedade burguesa na metade do século XIX. Não podemos prever que conclusões podem surgir desta análise. Provavelmente, somente podemos dizer que certamente não levarão a acordos unânimes.

Marcello Musto: Para terminar, uma pergunta final. Por que é importante ler Marx hoje?

Eric Hobsbawm: Para qualquer interessado nas idéias, seja um estudante universitário ou não, é patentemente claro que Marx é e permanecerá sendo uma das grandes mentes filosóficas, um dos grandes analistas econômicos do século XIX e, em sua máxima expressão, um mestre de uma prosa apaixonada. Também é importante ler Marx porque o mundo no qual vivemos hoje não pode ser entendido sem levar em conta a influência que os escritos deste homem tiveram sobre o século XX. E, finalmente, deveria ser lido porque, como ele mesmo escreveu, o mundo não pode ser transformado de maneira efetiva se não for entendido. Marx permanece sendo um soberbo pensador para a compreensão do mundo e dos problemas que devemos enfrentar.

Tradução para Sin Permiso (inglês-espanhol) : Gabriel Vargas Lozano
Tradução para Carta Maior (espanhol-portuguê s): Marco Aurélio Weissheimer

Fonte: Boletim Carta Maior