
"...They give you masks and costumes and an outline of the story... Then leave you all to improvise their vicious cabaret." (V for Vendetta)
domingo, 20 de março de 2011
...quero viver cem anos menos um dia."

domingo, 13 de março de 2011
Carta aberta para Sandy
Carta aberta para SandyVou te dar um conselho… de mulher pra mulher: você não precisa ser santa, nem puta. Você pode ser livre.Por Tica Moreno*Quando eu estava no ensino médio, você fez um desserviço pras meninas da minha idade, que é a mesma idade que a sua. Foi a época da “garota sandy“: uma jovem, bonita, magra, de cabelo liso, a filha que todo pai e mãe queria ter, rica…. e virgem. E que afirmava que queria casar virgem. A garota sandy era aquilo que nenhuma de nós éramos, mesmo que a gente tivesse uma ou outra característica dessas aí de cima. A verdade é que a gente nem queria ser daquele jeito. Foi a primeira vez (que eu me lembre) que eu me vi sendo comparada com um modelo de mulher que eu não queria ser. E eram os outros que nos comparavam. Aí a gente foi se sentindo inadequada, umas mais, umas menos. Qual era (qual é) o problema de não casar virgem? (Isso pra não perguntar qual é o problema de não querer casar…) Você não acha um problema de fato, até porque há alguns anos você afirmou que não tinha casado virgem. Fico até aliviada por você, porque imagina se não fosse bom com seu marido? Ainda mais se a relação de vocês for monogâmica e conservadora… Não desejo uma vida sem orgasmo nem pro meu pior inimigo. Mas voltando. O padrão “garota sandy” não foi uma reportagem qualquer que saiu na revista da folha. Reforçou um padrão que faz com que a anorexia e a bulimia estejam entre as principais doenças de jovens mulheres, que faz com que milhões de meninas e mulheres vivam sua sexualidade a vida inteira de forma passiva, em função do desejo e do prazer do cara, que faz as meninas e mulheres que são donas do seu desejo serem consideradas vadias, vagabundas, putas, devassas. O machismo faz isso: separa as mulheres entre santas e putas, “valoriza” as santas e puras e desqualifica, discrimina, violenta as “putas”. Deve ter algum motivo pra você se afirmar como santa, e não como puta, numa época da sua vida. E daí eu vou te dizer, caso você ainda não tenha entendido o porquê dessa carta aberta, seu segundo desserviço pras mulheres. Ser a nova garota devassa. Pra quê?? De dinheiro você não precisa. Você não estudou psicologia? [Não, me disseram aí nos comentários que ela estudou Letras, mal aê - mas eu lancei um google e vi que na época do meu ensino médio, de onde eu tirei a memória pra escrever esse post (ano 2000), circulou ainformação da psicologia, rs.] Deveria ter aprendido alguma coisa sobre sexualidade teoricamente, além da prática (que, de novo, espero que seja boa pra você). Nem as santas, nem as putas, são donas do seu desejo, do seu corpo, da sua sexualidade. O símbolo da devassa, e o imaginário que essa cerveja construiu – e que você vai propagandear – é o de uma mulher feita nos moldes do que a maioria dos homens tem tesão por. Importa o tesão deles, e não o nosso. As revistas femininas (e as masculinas) fazem isso também. Sabe aquelas dicas da Nova pra fazer qualquer mulher deixar qualquer homem louco na cama? Então. É o mesmo machismo, a mesma submissão. Você de alguma forma tá querendo apagar a imagem de santa, usando a idéia de que você pode ser devassa? Vou te dar um conselho… de mulher pra mulher: você não precisa ser santa, nem puta. Você pode ser livre. * Tica Moreno é formada em Ciências Sociais, foi do DCE da USP e do Centro Acadêmico de Ciências Sociais (CEUPES). Atualmente trabalha na Sempreviva Organização Feminista, SOF. Tica é militante da Marcha Mundial das Mulheres. |

sábado, 12 de março de 2011
Rápido!
Sou a soma de todos os erros.
Sabe o que acontece no ser humano durante o sexo?

quarta-feira, 9 de março de 2011
Desisti de esperar por alguém cuja ausência me faz companhia.
Hey hey you you I don't like your girlfriend!

terça-feira, 8 de março de 2011
Só para esclarecer, até o escurecer...
Só para esclarecer, até o escurecer
O feminismo não se inscreve no mundo dos números naturais. Ele é um acontecimento histórico inscrito nas configurações complexas e se move em escalas, sentidos, graus, dimensões, estruturas, conexões e códigos dispares e múltiplos que se conectam de forma quase aleatória.
As sociedades humanas são complexas e os seus membros se atraem ou se repelem em função de sua pertinência. A pessoa humana só, não existe, mesmo quando solitária. Para se construir e entender-se, a pessoa humana precisa pertencer. Essa pertinência vai desde a linguagem, passa pelos grupos e classes sociais e invade as culturas, os saberes, e até mesmo as idiossincrasias. As sociedades não são essencialmente harmônicas. Elas estão sempre se transformando a partir dos conflitos e das contradições que a fazem mover e se transformar. Assim, as sociedades funcionam, muito mais, pela lógica das contradições do que pela lógica da identidade.
À luz desse primeiro entendimento é que os direitos devem ser vistos. Não mais direitos que apenas se cristalizam em leis ou códigos, mas que se constituem a partir de conflitos, que traduzem as transformações e avanços históricos da humanidade. Não podemos mais entendê-lo como fruto de uma sociedade abstrata de sujeitos individuais, mas como a expressão coativa de tensões e contradições engendradas pelos embates de interesses e projetos de grupos sociais. O direito, para ser entendido em sua concretude, necessita de ser visto sob o ângulo do contexto que lhe deu origem, dos processos que o constituíram, das formas como foi normatizado e dos efeitos que gera nas sociedades.
Em acordo com os ensinamentos jurídicos do Prof. Warat(1): " A lei do gênero faz referência às tipificações(e/ou esteriotipações) que normatizam formas diferentes de subjetividade conforme o sexo que se possua. É uma lei que organiza de um modo maniqueísta as condições existenciais de ambos os sexos, assim como regula os comportamentos socialmente requeridos para ser hetero e auto reconhecido como homem ou mulher. Uma lei que naturalizando as diferenças nega a produção da subjetividade.
A lei do gênero, pouco tematizada com homens, determina - de um modo silencioso - atributos de masculinidade que asseguram para os machos de nossa espécie, lugares de domínio(sobre si mesmo, sobre a natureza, sobre as mulheres e sobre as crianças), valores(liberdade, sabedoria, justiça, coragem e ambição) e atributos(sangue-frio, racionalidade, serenidade, fortaleza, segurança - em si mesmo e frente ao mundo) e poderes (políticos e sobre os outros) e o ideal de masculinidade(políticos e sobre os outros), a auto-satisfação irá aumentando à medida em que cada indivíduo se aproxime destes requisitos ideais. Altos preços sociais e psicológicos serão pagos pela inadequação.
Os homens não se perguntam o que é ser homem. Eles se perguntam (dando por descontada a resposta, pela lei da masculinidade) se são suficientemente homens.
A identidade feminina não depende de nenhum excesso (muitos deles, inclusive, são censurados). Não existe a preocupação por ser toda mulher. Elas se perguntam sobre o que é ser mulher. No lugar do excesso há um enigma. As mulheres não assumem nenhum ideal valorizado para elas mesmas. Não pretendem ajustar-se à nenhuma norma normativa. Principalmente porque as normas de feminilidade são estabelecidas pelos homens que se reservaram o direito de julgá-las e reconhecê-las em sua condição feminina. Não há lei do gênero para a mulher, existem devires. No devir-mulher não existe nenhuma busca de essências, nenhum ajuste à uma normativa ideal. Existe a fragmentação, o rizoma."
"A partir da década de 80, ordenamentos jurídicos do mundo todo, inclusive do nosso Brasil, sofreram forte influências com a existência dos chamados movimentos críticos, dentre os quais merece especial destaque o FEMINISMO.
O feminismo promoveu a maior revolução que a humanidade já viveu e está a viver, a revolução sexual.
Com a revolução sexual, o feminismo mudou radicalmente a vida da humanidade, questionando comportamentos, padrões, convenções e convivências, ao ponto de ter elaborado a Feminsit Legal Theory - Teoria Feminista do Direito.
No seio da Teoria Feminista do Direito, as várias correntes feministas que se apresentam são geralmente agrupadas como:
a) FEMINISMO LIBERAL, que defende a superação das desigualdades experimentadas pelas mulheres mediante igualdade de tratamento, relutando admitir medidas diferenciadas por nelas vislumbrar a presença de uma ideologia de superioridade masculina que se traduz, por exemplo, em atitudes paternalistas, reforçadoras dos papéis tradicionais que inferiorizam mulheres diante de homens. Trata-se de uma postura tipicamente antidiferenciadora entre os gêneros, tanto que algumas feministas liberais são chamadas de "feministas simétricas", numa referência ao modo de aplicação da igualdade entre homens e mulheres. Daí a crítica a suas posturas, comumente tachadas de "assimilacionistas", por implicar a aceitação do modelo masculino como norma universal em face da qual a igualdade de tratamento será verificada e à qual as mulheres devem se conformar.
b) FEMINISMO CULTURALISTA, também conhecido como relacional, tem como ponto de partida a postulação da existência de diferenças fundamentais entre homens e mulheres, os quais apresentam diferentes processos de desenvolvimento moral. Enquanto os homens, ao depararem-se com conflitos morais, frequentemente organizam-se por meio de idéias de justiça e formulam raciocínios lógicos baseados em direitos individuais abstratos, as mulheres são mais inclinadas a uma ética de cuidado, preocupada na preservação das relações e preferindo soluções contextuais e particularizadas. Segundo as feministas relacionais, a voz diferente resultante deste processo diferenciado de desenvolvimento moral possibilitaria às mulheres maior capacidade de solução dos problemas, dada a ênfase em valores como cuidado com o outro, abertura, simpatia, paciência e amor. A denominação culturalista deve-se ao fato de visualizar a libertação feminina através da afirmação de uma contra-cultura centrada na realidade das mulheres. A afirmação dessa contra-cultura faria a realidade feminina inassimilável à norma geral de igualdade de tratamento, daí enfantizando que o tratamento como igual destas duas realidades diversas só é possível através de medidas diferenciadas. Neste sentido, as feministas culturalistas divergem da argumentação geralmente aceita pelas feministas liberais.
c) FEMINISMO RADICAL, sustenta que a desigualdade sexual é resultado da sistemática subordinação social das mulheres, não simplesmente uma aplicação irracional e preconceituosa do princípio da igualdade. Denuncia a masculinidade como pano de fundo onde são forjadas as idéias de "neutralidade por motivo de gênero" ou "proteção jurídica especial a mulheres" - temas centrais, respectivamente, para feministas liberais e as feministas culturalistas. Em lugar das categorias igualdadeXdiferença, tensão sempre subjacente nos argumentos liberais ou culturalistas, as feministas radicais sugerem a abordagem da dominação, pois não aceitam de modo acritico a realidade da supremacia masculina entre os sexos que aceita o satus quo como standart.
d) FEMINISMO PÓS-MODERNO, entendido como crítica radical às formulações essencialistas e universalistas presentes nas demais correntes feministas. O feminismo pós-moderno enfatiza a inexistência de uma experiência feminina monolítica, salientando a diversidade racial, econômica, religiosa, étnica e cultural de cada mulher. A principal preocupação é a construção de respostas à discriminação sexual a partir da desvantagem estrutural experimentada pelas mulheres nas mais diversas posições, sugere uma abordagem diversa do ideal de "igualdade simétrica" das feministas liberais, da "desigualdade-essencial" das feministas culturalistas ou da "subordinação universal" das feministas radicais."(2)
Cabe esclarecer, ate o escurecer, que não existem "facções feministas" e, mais do que oferecer pólvora pra chimango, importa colaborar para a consolidação de um outro olhar diante da discriminação e da violência que caracterizam as relações de gênero.
O feminismo não se inscreve no mundo dos números naturais. Ele é um acontecimento histórico inscrito nas configurações complexas e se move em escalas, sentidos, graus, dimensões, estruturas, conexões e códigos dispares e múltiplos que se conectam de forma quase aleatória.
Existem "n" feminismos, no tempo e no espaço e, dentre eles os que, a meu ver, são os mais consistentes, não são os feminismos partidários, isto é, ligados a fluxos de linhas de forças culturais de cada época; os mais consistentes são os mais mutantes e, dentre esses, destaco o feminismo vagabundo e o feminismo clandestino.
O feminismo vagabundo é o feminismo guerrilheiro e atua no sentido de liberar a produção desejante, ainda que possa ser frequentemente apedrejado, ele é heroico.
O feminismo clandestino, o que eu mais gosto, libera o afeto-erótico, vive abrindo roturas em direção ao paraíso e é exemplificado pela atitude terna de um amante que acorda de madrugada para fazer xixi e quando volta para a cama acaricia o dorso de sua pessoa amada e, então, trocam sussurros insinuantes e risonhos.
Esse agrupamento de reflexões e ensinamentos surgem por conta da troca de farpas e insultos que se deram dias atrás em blogs e twitter, o que me faz pensar que são sinais de que há ainda muito por dizer, fazer, pois muito pouco do que as mulheres pretenderam foi alcançado, no que diz respeito às mentalidades e representações
O feminismo ainda faz sentido, os espaços de liberdade não estão assegurados e nem ao menos sabemos como analisar esse fenômeno cíclico a que chamamos feminino, que vai e vem, que nos deu o voto e o direito à educação; a algumas deu o direito ao seu corpo, a outras a um pouco de dignidade ou à consciência de ser. E a todas talvez a unica satisfação de reconhecer-nos numa experiência ao mesmo tempo diferente e comum de viver no feminino.
A sociedade patriarcal agoniza mas não morre.
* título copyleft da letra música Teto Solar de Tonho Crocco
1. Luis Alberto Warat http://luisalbertowarat.blogspot.com/
2. algumas anotações de Roger Raupp Rios
elenara vitoria cariboni iabel é uma cidadã comum, feminista, produtora cultural, comunicóloga social, fundadora da Themis - assessoria juridica e estudos de genero, colaboradora do des).(centro - nó emergente de ações colaborativas , fundadora da G2G ; mãe do Cauã(21), da Inaê(15) e do Ariel(12) e conhecida pela quantidade de pessoas amigas que ama. Colabora no desenvolvimento da rede MetaReciclagem encontros deSubmidialogias e com aCiranda Internacional da Informação Independente ; é membro afetiva do conselho fiscal da Compas - Associação Internacional de Informação Compartilhada; presta consultoria em cultura digital para CEA - Centro de Educação Ambiental/Vila Pinto apoia e promove programas de cultura digital/pontos de cultura do Minc-governo federal. Não gosta do sistema operacional windows, de violência e de machismo.
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Se você não concordar, não posso me desculpar...
... aprendi a me virar sozinha e se estou te dando linha é prá depois te abandonar..
"isso você não pode evitar por aqui - disse o gato - todos somos malucos, eu sou, você é."
Com todo o perdão da palavra, eu sou um mistério pra mim. E eu suponho que me entender não seja uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. E nem eu me entendo, pois sou infinitamente maior que eu mesma, eu não me alcanço. Mas eu fui obrigada a me respeitar, pelo fato de não me entender. Qual palavra me representa? Uma coisa eu sei: eu não sou o meu nome. Meu nome pertence aos que me chamam.
(Clarice Lispector)
Dia Internacional da Mulher
segunda-feira, 7 de março de 2011
Carta da Terra para crianças!
Uma incompleta e envenenada História
por Gustavo D. Guillot
Uma parte da História não é contada nos livros escolares. As bibliotecas esqueceram dela, que somente enche as páginas dos registros de óbitos. As corporações responsáveis por eles – as fábricas de agrotóxicos – estão tranquilas; suas poções para o cultivo de alimentos são irrespiráveis, e sem respirar não se vive.
Guerra Civil nos EUA:A maior fornecedora de pólvora para o exército da União foi a DuPont. A DuPont, inventora dos CFC (substâncias daninhas para a camada de ozônio) hoje continua com os negócios químicos: é dona da Pioneer, uma das produtoras de sementes transgênicas resistentes aos agrotóxicos, especialmente ao glifosato.
Segunda Guerra Mundial: O gás Zyklon B, que era utilizado nas câmaras de extermínio nazistas, era um inseticida fabricado pela IG Farben. Souberam disso milhares de seres humanos. A herança da IG Farben foi repartida entre a Bayer, a Basf e a Hoechst. Tudo, exceto as responsabilidades penais.
1945: Enquanto a bomba atômica mutilava Hiroshima, um navio americano também viajava para o Japão. Em seus compartimentos de carga, transportava agrotóxicos. A guerra em que seriam estreados teve que aguardar. O “agente laranja” destruíu milhões de hectares de florestas e cultivos na guerra do Vietnam. Somente os soldados americanos afetados pelos efeitos cancerígenos do veneno da Dow Chemical e Monsanto receberam indenizações.
1984:A fábrica de pesticidas da Union Carbide em Bophal, na Índia, cuspiu veneno e mais de 10 mil pessoas morreram em poucos dias. Outras 15 mil morreram nos anos seguintes e mais de 100 mil continuam com problemas de saúde. A Dow Chemical, que comprou a Union Carbide, tinha aprendido o negócio: a transação não incluiu a responsabilidade sobre o acontecido.
1979: Os Estados Unidos proibiram o uso do agrotóxico Nemagon. A Dow Chemical, sua produtora, sabia dos seus efeitos sobre a saúde das pessoas que o utilizaram, mas prolongou a venda nas plantações da América Central. Somente na Nicarágua, morreram mais de 1400 trabalhadores e trabalhadoras expostos ao veneno.
2010: Fecha-se o círculo. Uma revista científica publica um estudo que demonstra que malformações observadas em humanos são compatíveis com a exposição ao glifosato durante a gravidez; mas continua em expansão a soja transgênica devota do glifosato de companhias como a Monsanto, DuPont ou Bayer.
Os bancos da justiça (des)esperam.
Fonte: http://gustavoduch.wordpress.com/2010/08/25/una-incompleta-y-envenenada-historia