segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Rebelião no Egito: A Revolução se espalha!



Acontecimentos dramáticos estão se desenvolvendo no Oriente Médio. Hoje (terça-feira), o Egito foi sacudido por uma onda de manifestações em todo o país exigindo o fim do regime de Mubarak, que oprime o povo dessa admirável nação já há quase 30 anos. Este foi o maior movimento de protesto que o Egito já viu em décadas. No Cairo e em outras cidades, milhares de manifestantes anti-governo saíram às ruas e lutaram contra a polícia.

Depois da derrubada do ditador da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, em 14 de janeiro, os observadores questionavam publicamente se os dramáticos acontecimentos naquela nação do Norte da África poderiam provocar insurreições em outros aparentemente fortes regimes árabes. Agora, estão tendo a resposta! As labaredas revolucionárias que se espalham através do mundo árabe desde a Tunísia chegaram ao Egito.

Os primeiros sinais do impacto da insurreição na Tunísia na consciência popular vieram à superfície na última semana no Egito quando várias pessoas lançaram-se ao fogo ou tentaram fazê-lo diante do parlamento e do gabinete do primeiro-ministro. Suas ações tentavam reeditar o exemplo do jovem tunisiano vendedor de frutas cuja auto-imolação acendeu a fagulha dos protestos que forçaram o autoritário presidente tunisiano a fugir do país.

Como na Tunísia, as manifestações no Egito acontecem em um cenário de crescente ira pela pobreza generalizada e o desemprego. Aproximadamente metade dos 80 milhões de habitantes do Egito vive abaixo ou um pouco acima da linha da pobreza, ganhando cerca de dois dólares ao dia, conforme os critérios de medição da ONU. Sistemas de educação e de saúde pública de péssima qualidade, ao lado de alto nível de desemprego, deixaram um grande número de egípcios privados de assistência básica.

Mas a insatisfação econômica é somente parte de um vasto descontentamento político. Há uma ira profunda contra as injustiças, as desigualdades e a corrupção do regime de Mubarak. Coloca-se a questão de por quanto tempo o velho ditador se manterá no poder. Ninguém sabe se Mubarak concorrerá mais uma vez às eleições presidenciais no final deste ano ou se designará seu filho para concorrer em seu lugar. Mas o povo egípcio não aceitará nada que não seja uma mudança fundamental.

O governo tentou minimizar as tentativas de auto-imolação, com o primeiro-ministro Ahmed Nazif dando entrevistas, na segunda-feira, dizendo que os que cometeram este ato o fizeram por “motivos pessoais”. Mas ninguém acredita nisto. Como na Tunísia, os apelos para as manifestações foram veiculados porFacebook e Twitter, com 90 mil respostas de pessoas dizendo que participariam. Em todas as partes, a Tunísia estava no coração, na mente e na boca de todos. “Queremos ver mudanças exatamente como na Tunísia”, disse Lamia Rayan, de 24 anos de idade, um dos manifestantes.

O apelo por manifestações foi iniciado pela página do Facebook “O Mártir”, que foi criada em nome de um jovem egípcio, Khaled Said, que foi espancado até a morte por policiais na cidade portuária do Mediterrâneo, Alexandria, no ano passado. Seu caso se tornou uma bandeira para a oposição. Dois policiais estão sendo julgados em conexão com o seu assassinato. No entanto, por uma dessas estranhas ironias das quais a história é tão rica, os protestos coincidem com um feriado nacional em homenagem à odiada polícia do país (25 de Janeiro).

Tivemos cenas memoráveis hoje na cidade do Cairo com milhares e milhares de pessoas derramando-se pelas ruas, marchando em aparente liberdade em três grandes manifestações em diferentes partes da capital egípcia. As coisas começaram pacificamente, com a polícia mostrando inusitado comedimento. A ruidosa multidão foi acompanhada por carros acionando suas buzinas. O povo gritava: “Longa vida à Tunísia Livre” e agitando bandeiras tunisianas e egípcias enquanto a polícia permanecia na periferia da multidão. A tropa de choque inicialmente parecia incerta do que fazer, quando os manifestantes rompiam os cordões policiais.

Uma testemunha presente relatou o seguinte:

“Estou no centro da cidade nas proximidades dos escritórios dos jornais do governo, onde centenas estão gritando ‘Mubarak, teu avião está te esperando’ e apelando para os que passam se juntarem a eles, muitos dos quais estão aceitando o convite.

Ahmed Ashraf, analista de banco de 26 anos de idade, disse-me que era a primeira vez que ele participava de um protesto e que tinha se inspirado nos acontecimentos na Tunísia. ‘Somos os únicos que controlam as ruas hoje, não o regime’, disse-me ele. ‘Sinto-me tão livre – as coisas não podem permanecer as mesmas depois disto’”.

Se a polícia aparentava não saber o que fazer, por outro lado também parecia ser insuficiente a coordenação entre os líderes do protesto sobre o que fazer em seguida. Parecia o início de uma luta greco-romana, com cada um dos dois contendores girando cautelosamente, vigiando seu oponente e tentando prever o próximo movimento. Eles não tiveram que esperar muito.

No passado as manifestações eram violentamente dispersadas. Contudo, agora, a polícia tinha claramente recebido ordens do governo para evitar tudo que pudesse provocar uma revolta em massa como na Tunísia. Mas estas coisas têm vida e lei próprias. Como o número de manifestantes continuava a crescer, enchendo a principal Praça do Cairo, a Tahir square, as forças de segurança ficaram nervosas. Elas subitamente mudaram de tática e o protesto tornou-se violento quando a polícia atacou os manifestantes com canhões de água, cassetetes e gás lacrimogêneo.

Uma névoa irritante encheu as ruas do Cairo. No passado, as pessoas teriam corrido em pânico da temida polícia. Mas, desta vez as coisas foram diferentes. As pessoas não cederam terreno e devolveram os golpes. Desafiadores manifestantes opuseram-se à polícia de choque no centro do Cairo. Arremessaram pedras e alguns até mesmo subiram no teto dos carros blindados da polícia.

O Washington Post descreveu a cena:

“Os manifestantes atacaram o caminhão de canhão d’água da polícia, abrindo a porta do condutor e ordenando-lhe sair do veículo. Alguns lançaram pedras e montaram barricadas de metal. Os policiais repeliram os manifestantes com cassetetes quando eles tentaram romper os cordões de isolamento para se reunirem à manifestação principal no centro da cidade.

No norte, na cidade portuária de Alexandria, no Mar Mediterrâneo, milhares de manifestantes também marcharam durante o que foi chamado de ‘Dia da Ira” contra o senhor Mubarak exigindo o fim da opressiva pobreza do país.

(…)

Os manifestantes no Cairo cantavam o hino nacional e levavam cartazes denunciando Mubarak e a fraude generalizada das eleições do país. Os organizadores disseram que os protestos eram um ‘dia de revolução contra a tortura, a pobreza, a corrupção e o desemprego’.

Mães carregando seus bebês marchavam e cantavam ‘Revolução até a vitória!’ enquanto homens jovens estacionavam seus carros na rua principal agitando cartazes onde se lia ‘FORA!’ inspirados nos protestos tunisianos de ‘DEGAGÉ!’ esta semana. Vimos homens com sprays fazendo grafites onde se lia “Abaixo com Hosni Mubarak”.

O regime está em pânico. Há informes de que a internet, Twitter e as chamadas de celulares foram bloqueadas no Egito, mas estão retornando intermitentemente agora. As últimas informações revelam que a insurreição continua e ascende a novos níveis. Um relato de primeira mão informa:

“À medida que anoitece, milhares de pessoas que ocuparam a praça central do Cairo estão se encaminhando ao edifício do Parlamento, o que provocou batalhas com a polícia armada. A atmosfera está carregada de gases lacrimogêneos e alguns jovens estão lançando pedras sobre as linhas policiais; muitas das pedras são lançadas de volta pelos oficiais de segurança.

Há alguns momentos, uma enorme investida de manifestantes pôs a polícia em fuga, mas, agora, estes se reagruparam e estão lançando novos ataques contra os manifestantes que, neste momento, estão recolhendo as barreiras metálicas instaladas pela polícia e as estão utilizando para montar barricadas eles mesmos. Grandes explosões sacodem a praça, embora não esteja claro de onde procedem.”

Estão se espalhando notícias de que manifestantes estão atacando o edifício do conselho de ministros, enquanto vários milhares deles estariam marchando para o palácio presidencial de Mubarak, em Heliópolis. Em Dar El Salaam, bairro densamente povoado no sul do Cairo, os manifestantes afirmam que tomaram a delegacia de polícia.

“Há um sentimento de intensa emoção aqui nas ruas de Shubra, no norte do Cairo, com a polícia retrocedendo e permitindo a passagem dos manifestantes, mas algumas das forças de segurança portam coletes à prova de balas e alguns temem que esta é a calma que precede a tempestade.

Uma ex-apresentadora de notícias de televisão me disse que nunca havia visto nada semelhante desde 1977, quando um levante provocado pelo aumento dos preços do pão quase derrubou o governo do presidente Sadat. Contudo, as manifestações prosseguem isoladas umas das outras e ainda é muito cedo para dizer como vai terminar tudo isto.”

É verdade que ninguém ainda sabe como tudo isto vai terminar. Mas uma coisa é certa: o Egito nunca mais será o mesmo. O gênio escapou da lâmpada e não há como botá-lo novamente para dentro. As massas experimentaram a liberdade e sentiram o seu poder coletivo nas ruas. Se tivessem uma organização e uma direção adequadas à tarefa, poderiam iniciar a tomada do poder. Mas, na ausência de uma direção, de uma perspectiva e de um plano claros, a situação pode se desenvolver de diferentes formas.

Enquanto escrevo estas linhas, o destino da rebelião está em jogo. O regime se encontra, agora, em terreno muito instável. A vacilação mostrada pela polícia no início do protesto demonstra que não estão confiantes no uso do aparato repressivo para sufocar o movimento. Haverá divisões no regime entre os que querem reprimir e os que querem fazer concessões para ganhar tempo.

Poderá o regime afogar a insurreição em sangue? Este resultado não é impossível, mas seria uma vitória comprada a um preço muito alto. O ódio e o ressentimento contra o regime se tornariam duradouros. Envenenaria a vida política do país e descartaria qualquer tipo de solução de compromisso. Mubarak é um homem velho e não pode durar muito tempo. Seu filho, que ele espera que o substitua, estaria totalmente sem legitimidade. A economia afundaria ainda mais, agravando o problema do desemprego e da pobreza. A isto se seguiriam novas explosões.

Essa não parece ser a variante mais provável. O movimento de massas está ganhando força de hora em hora. Em Alexandria há notícias de senhoras idosas lançando panelas e frigideiras contra a polícia das janelas de suas casas. A chave da situação é o poderoso proletariado egípcio, que organizou greves após greves operárias e há notícias de 20 mil operários nas ruas.

O povo revolucionário está ocupando as praças centrais e se nega a ir embora. Cada polegada de terreno foi ganha pelas massas e não têm intenção de ceder a ninguém o que elas ganharam. Frente a um movimento de massas dessa escala, as forças de repressão estatal, que antes pareciam formidáveis, de repente se tornam vulneráveis. Em muitos locais, a polícia foi simplesmente atropelada pelas enormes quantidades de gente. Seus cordões de isolamento foram rompidos pelos manifestantes. Os rostos dos policiais rasos revelam nervosismo e os de seus oficiais, ainda mais.

Houve muitos casos de confraternização. Um canal de notícias da televisão francesa mostrou imagens de um policial (creio que foi em Alexandria) sendo levado nos ombros dos manifestantes. Eles estão cantando consignas contra o governo e o agente de polícia também canta com eles. Este pequeno incidente diz tudo. Toda a história demonstra que, uma vez perdido o medo, uma vez que todo um povo se levanta e diz “não!”, não há força no mundo que possa detê-lo.

Digam o que disserem os jornais de amanhã, nós podemos ficar confiantes de uma coisa: a revolução árabe começou. Será recebida com entusiasmo por todos os trabalhadores e jovens do mundo todo. Mobilizemo-nos em apoio de nossos irmãos e irmãs árabes! Exijamos a cessação imediata da repressão! Rompamos toda relação com o regime criminoso de Mubarak! Exijamos todos os direitos para o povo do Egito!

  • Vitória para os trabalhadores e jovens do Egito!

  • Abaixo Mubarak!

  • Viva a revolução socialista árabe!

Londres, 25 de Janeiro de 2011

Enterrem meu coração na curva do rio. (II)

"Agora, era a vez de Nuvem Vermelha. Seu corpo flexível, vestido duma manta leve e mocassins, moveu-se até o centro da plataforma. Seu cabelo preto e liso, partido no meio, cobria seus ombros e ia até a cintura. Sua boca rasgada era uma fenda resoluta sob seu nariz curvo. Seus olhos brilhavam quando começou a censurar os comissários da paz por tratarem os índios como crianças. Acusou-os de fingir negociar sobre um território, enquanto se preparavam para tomá-lo pela força. 'Os brancos forçaram os índios, ano a ano', disse, 'até sermos obrigados a viver num pequeno território ao norte do Platte, e agora nosso campo de caça, o lar do Povo, deve nos ser tomado. Nossas mulheres e crianças morrerão de fome, mas, no que me diz respeito prefiro morrer lutando do que de fome... O Pai Grande [presidente dos EUA] mandou-nos presentes e quer uma nova estrada. Mas o Chefe Branco vai com soldados roubar a estrada antes de os índios dizerem sim ou não!'"

In. Enterrem meu coração na curva do rio. Porto Alegre, L&PM, 2009. pag. 119/120

Cavalo Doido:
Touro Sentado:
Nuvem Vermelha:

Enterrem meu coração na curva do rio. (I)


"Esta guerra não surgiu aqui nossa terra; esta guerra foi trazida até nós pelos filhos do Pai Grande [presidente dos Estados Unidos da América] que vieram tomar nossa terra sem pedir preço e que, em nossa terra, fizeram muitas coisas más. O Pai Grande e seus filhos culpam-nos por estes problemas... Nossa vontade era viver aqui, em nossa terra, pacificamente, e fazer o possível pelo bem-estar e prosperidade do nosso povo, mas o Pai Grande encheu-a de soldados que só pensavam na nossa morte. Alguns do nosso povo que saíram daqui de maneira a poder mudar alguma coisa, e outros que foram para o norte caçar, foram atacados pelos soldados dessa direção e, quando chegaram ao norte, foram atacados por soldados do outro lado, e agora, quando desejam voltar, os soldados se interpõem para impedi-los de voltar ao lar. Parece-me que há um caminho melhor que este. Quando povos entram em choque, é melhor para ambos os lados reunirem-se sem armas e conversar sobre isso e encontrar algum modo pacífico de resolver."

Sinte-Galeshka (Cauda Pintada), da tribo dos sioux brulés, 1985

apud BROWN, Dee. Enterrem meu coração na curva do rio. Porto Alegre: L&PM, 2009. pag. 111

sábado, 29 de janeiro de 2011

Anvisa proíbe o uso de agrotóxico após comprovar que faz mal à saúde!

Anvisa proíbe o uso de agrotóxico após comprovar que faz mal à saúde
Proibição do agrotóxico metamidofós é vitória para o consumidor. Porém, só entra em vigor efetivamente dentro de dois anos.


O agrotóxico chamado metamidofós sairá do mercado brasileiro, de acordo com uma determinação divulgada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na segunda-feira (17/1).

Atualmente utilizado em lavouras de algodão, feijão, amendoim, batata, soja, tomate e trigo, para eliminar insetos e ácaros, o produto passou por uma reavaliação toxicológica na qual foi comprovado que seu uso traz risco à saúde humana. O metamidofós é classificado pela Anvisa como extremamente tóxico (classe toxicológica I).

O agrotóxico metamidofós já tem o uso proibido e restrito em diversos países da da União Européia, China, Paquistão, Indonésia, Japão, Costa do Marfim e Samoa. A reavaliação comprovou que ele pode causar transtornos aos sistemas neurológico, imunológico, endócrino (produtor de hormônios) e reprodutor, bem como ao desenvolvimento do feto, características que o faz se enquadrar na lista de agrotóxicos que não podem ser registrados e comercializados no País.

A proibição do uso do metamidofós é considerada uma vitória. "O encerramento de mais uma reavaliação de agrotóxico pela Anvisa é uma boa notícia e o esforço da agência de retirar do mercado aqueles que fazem mal a saúde deve ser aplaudido", declarou a advogada do Idec, Juliana Ferreira.

Mas, apesar do fim da comercialização do produto estar prevista para o final desse ano, os comerciantes terão até dois para se adaptar à decisão da Anvisa, prazo extensivo demais, na opinião do Idec, considerando que a substância só causa danos ao consumidor.

"Mais uma vez, a Anvisa protelou o banimento do agrotóxico para daqui dois anos, tempo dado para que as empresas baixem os estoques e os produtores se adaptem, apesar de todos os malefícios já comprovados que este produto pode causar à saúde da população", afirmou a Juliana. "Uma decisão de governo não pode sobrepor interesses econômicos à saúde pública".

Fonte: http://www.idec.org.br/emacao.asp?id=2570

Teu noivo, teu noivo verdadeiro é esse povo inteiro que pede teu fervor!


Canção "Garota da Frente Sandinista"
Carlos Mejía Godoy

"Garota da Frente Sandinista
de botas e calça brim
que linda estás com a metralhadora
com o cabelo solto
que cresceu em abril.

Teu noivo ficará esperando
falhaste ao encontro de amor.
Teu noivo, teu noivo verdadeiro
é esse povo inteiro
que pede teu fervor.

Garota, garota simples
semente de libertação
permita que em tua carabina
eu enrole meus versos de amor
O povo que espera a aurora
a aurora da liberdade
conhece tuas lutas heróicas,
garota, mulher de verdade"

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O amor nunca morre de morte natural.

"O amor nunca morre de morte natural.
Morre porque nós não sabemos reabastecer sua fonte.
Morre de cegueira e dos erros e das traições."

(Anais Nin)

por uma universidade popular e livre


"Las universidades requieren una revolución científica que emancipe el conocimiento de la servidumbre al capitalismo y d las mafias burocráticas."

(Fernando Buen Abad)

a panacéia universal


"Tudo hoje é um grande palco: é a panacéia universal, porque fez com que todos nós estivéssemos interessados em aparecer como atores."
(José Saramago)

... continuo sentado na solidão. (Virginia Wolf)


Penso em você principalmente como a minha possibilidade de paz — a única que pintou até agora, "nesta minha vida de retinas fatigadas".
(Caio Fernando Abreu)

POR SOBERANIA POPULAR! SOBERANIA SOBRE NUESTROS CUERPOS! NI GOLPES DE ESTADO EN AMERICA LATINA! NI GOLPES A LAS MUJERES!

"Quando uma mulher avança, nenhum homem retrocede!"


"Como dijo Guevara donde sea, en cualquier continente, vamos dando batalla por un mundo que sea diferente: sin miseria, pobreza ni explotación, sin saqueo, sin ultraje ni opresión. Que se escuche en nuestra América este grito: qué grito? Poder para el pueblo, antiimperialismo! Patria sin fronteras, por el socialismo!"

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

LEI MARIA DA PENHA EM CORDEL


Feito a partir dos artigos da Lei que pune crimes de violência doméstica contra a mulher:

A Lei Maria da Penha
Está em pleno vigor
Não veio pr’a prender homem
Mas pr’a punir agressor
Pois em “mulher não se bate
Nem mesmo com uma flor”.

II
A violência doméstica
Tem sido grande vilã
Por ser contra a violência
Desta lei me tornei fã.
Pr’a que a mulher de hoje
Não seja vítima amanhã.

III
Toda mulher tem direito
A viver sem violência
É verdade, tá na lei.
Que tem muita eficiência
Pr’a punir o agressor
E à vítima, dar assistência.

IV
Tá no artigo primeiro
Que a lei visa coibir
A violência doméstica
Como também, prevenir;
Com medidas protetivas
E ao agressor, punir.

V
Já o artigo segundo
Desta lei especial
Independente de classe
Nível educacional
De raça, de etnia;
Opção sexual…

VI
De cultura e de idade
De renda e religião
Todas gozam dos direitos
Sim, todas! Sem exceção.
Que estão assegurados
Pela Constituição.

VII
E que direitos são esses?
Eis aqui a relação:
À vida, à segurança.
Também à alimentação
À cultura e à justiça
À Saúde e educação.

VIII
Além da cidadania
Também à dignidade
Ainda tem moradia
E o direito à liberdade.
Só tem direitos nos “As”,
E nos “Os”, não tem novidade?

IX
Tem direito ao esporte
Ao trabalho e ao lazer
E o acesso à política
Pr’o Brasil desenvolver
E tantos outros direitos
Que não dá tempo dizer.

X
A Lei Maria da Penha
Cobre todos esses planos?
Ah, já estão assegurados
Pelos Direitos Humanos
A lei é mais um recurso
Pr’a corrigir outros danos.

XI
Por exemplo: a mulher
Antes da lei existir,
Apanhava, e a justiça
Não tinha como punir
Ele pagava fiança
E voltava a agredir.

XII
Com a lei é diferente
É crime inafiançável.
Se bater, vai pr’a cadeia!
Agressão é intolerável.
O Estado protege a vítima
Depois pune o responsável.

XIII
Segundo o artigo sétimo
Os tipos de Violência
Doméstica e Familiar
Pois tem na sua abrangência
As cinco categorias
Que descrevo na seqüência.

XIV
A primeira é a Física
Entendendo como tal
Qualquer conduta ofensiva
De modo irracional
Que fira a integridade
E a saúde corporal…

XV
Tapas, socos, empurrões;
Beliscões e pontapés
Arranhões, puxões de orelha
Seja um ou sejam dez
Tudo é violência física
E causam dores cruéis.

XVI
Vamos ao segundo tipo
Que é a Psicológica
Esta merece atenção
Mais didática e pedagógica
Com a auto-estima baixa
Toda a vida perde a lógica.

XVII
Chantagem, humilhação;
Insultos; constrangimento;
São danos que interferem
No seu desenvolvimento
Baixando a auto-estima
Aumentando o sofrimento

XVIII
Violência Sexual
Dá-se pela coação
Ou uso da força física
Causando intimidação
E obrigando a mulher
Ao ato da relação…

XIX
Qualquer ação que impeça
Esta mulher de usar
Método contraceptivo
Ou para engravidar
Seu direito está na lei
Basta só reivindicar.

XXA
4ª categoria
É a Patrimonial:
Retenção, subtração,
Destruição parcial
Ou total de seus pertences
Culmina em ação penal.

XXI
Instrumentos de trabalho
Documentos pessoais
Ou recursos econômicos
Além de outras coisas mais
Tudo isso configura
Em danos materiais.

XXII
A 5ª categoria
É Violência Moral
São os crimes contra a honra
Está no Código Penal
Injúria, difamação;
Calúnia, etc e tal.

III
Segundo o artigo quinto
Esses tipos de violência
Dão-se em diversos âmbitos
Porém é na residência
Que a violência doméstica
Tem sua maior incidência.

XXIV
Quem pode ser enquadrado
Como agente/agressor?
Marido ou companheiro
Namorado ou ex-amor
No caso de uma domestica
Pode ser o empregador.

XXV
Se por acaso o irmão
Agredir a sua irmã
O filho, agredir a mãe;
Seja nova ou anciã
É violência doméstica
São membros do mesmo clã.

XXVI
E se acaso for o homem
Que da mulher apanhar?
É violência doméstica?
Você pode me explicar?
Tudo pode acontecer
No âmbito familiar.

XXVII
Nesse caso é diferente
A lei é bastante clara.
Por ser uma questão de gênero
Somente a mulher ampara
Se a mulher for valente
O homem que livre a cara.

XXVIII
E procure seus direitos
Da forma que lhe convenha
Se o sujeito aprontou
E a mulher desceu-lhe a lenha
Recorra ao Código Penal
Não à Lei Maria da Penha.

XXIX
Agora, num caso lésbico;
Se no qual a companheira
Oferecer qualquer risco
À vida de sua parceira
agressora é punida;
Pois a lei não dá bobeira.

XXX
Para que os seus direitos
Estejam assegurados
A Lei Maria da Penha
Também cria os Juizados
De Violência Doméstica
Para todos os Estados.

XXXI
Aí, cabe aos governantes.
De cada federação
Destinarem os recursos
Para implementação
Da Lei Maria da Penha
Em prol da população.

XXXII
Espero ter sido útil
Neste cordel que criei
Para informar o povo
Sobre a importância da Lei
Quem agride uma Rainha
Não merece ser um Rei.

XXXIII
Dizia o velho ditado
Que “ninguém mete a colher”.
Em briga de namorados
Ou de “marido e mulher”
Não metia…
Agora, mete!
Pois isso agora reflete
No mundo que a gente quer.

De Tião Simpatia

Publicado no Ciranda Brasil