quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A necessidade do rompimento com a exploração.


"O século 21 pode ser encarado como uma fabulosa promessa. Embora o capital e seus admiradores cultuem o lucro a qualquer preço, a duração da sua energia é menor do que o alcance de seu desejo. Nem o planeta, nem a humanidade aceitarão os seus caprichos.

A utopia socialista que aqui recolocamos, não é metafísica e sem fundamentos, ou mesmo desprezo pelos conhecimentos científicos. Marx e Engels combatem o socialismo utópico justamente porque ele apresenta limitações e ilusões idealistas e, por isso, se tornava uma mera fantasia. A utopia socialista deste século é a cobrança política que se faz às ciências para que elas revelem e atualizem as contradições e conduzam para a ruptura que dará início à construção da nova ordem. Se à utopia cabem as perguntas, às ciências cabem as respostas, para que não haja estagnação do projeto socialista, que não terá um ponto de conclusão, mas será um constante movimento para frente, tendo a continuidade da luta dos contrários em outras dimensões.

O socialismo que queremos, será científico no que diz respeito às leis do desenvolvimento da sociedade, mas não se firmará apenas sobre os fundamentos das forças produtivas e do controle do Estado. Ele será mais amplo e atingirá as consciências, tornará cultura a ética e a moral revolucionárias; fortalecerá as identidades, cuidará para não exaurir a natureza e tampouco inventará projetos que coloquem em risco a vida do planeta. Prezará pela igualdade, justiça e afetividade, e tudo aquilo que os seres sociais deste tempo novo tiverem condições objetivas e subjetivas para aperfeiçoarem a sociedade que ajudarão a construir.

Precisamos fazer uma sociedade que nos faça ser melhores; que nos dê função social e política; que nos permita amar intensamente e cultivar a dignidade como parte da cultura e da nova identidade.

Para se realizar a utopia, se impõe a necessidade de novas práticas que significarão um novo existir. A opressão tem seus limites, ela tropeça nos seus próprios passos e chegará o momento em que o rompimento será inevitável.

Se utopia é a abertura para o futuro que se torna possível neste caminhar para frente, temos a necessidade de pensar quem são e como precisam ser os homens e as mulheres deste século, em contraposição ao ser social consumidor. É a identidade desses novos seres sociais e políticos, naquilo que é peculiar ao projeto socialista, que tornará possível a aproximação entre o imaginado utópico e o acontecer concreto.

A necessidade de uma sociedade justa sem exploradores nem explorados conjugar-se-á com as inúmeras utopias particulares, de tal modo que, a atuação político-organizativa não será apenas um dever, mas um prazer. A mística alimentará as consciências com todas as esperanças e a convivência política será fraterna, pois a afetividade aproximará e manterá a unidade entre os militantes e as forças revolucionárias, embora continue existindo novas contradições criadas na própria convivência social.

A formação política e a organização de todas as pessoas se tornarão prioridade. O fazer político será acompanhado do pensamento crítico para que o destino da humanidade não seja teleguiado apenas por algumas cabeças."

(Ademar Bogo)

Obs. imagem retirada do Livro "A volta da Grauna" do ótimo Henfil.

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